A morte de Djidja Cardoso, ex-Sinhazinha do Boi Garantido, completa duas semanas nesta terça-feira (11). Desde então, dez pessoas já foram presas entre familiares, funcionários do salão Belle Femme e integrantes da clínica veterinária MaxVet.
O caso segue em investigação pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM). Apesar de não projetar novas prisões, a corporação ainda investiga a compra e a distribuição de drogas, como a cetamina.
Dos dez presos, apenas Cleudiele Santos, funcionária do salão de Djidja Cardoso, responde em liberdade. No entanto, a medida ainda pode ser revogada, de acordo com novas descobertas da PC-AM.
Investigação e a morte de Djidja
Segundo a polícia, a investigação em torno do caso iniciou em 18 de abril. Os alvos eram Djidja e Ademar Cardoso, irmão dela. A suspeita era de que eles forçavam o uso de cetamina em rituais do grupo intitulado “Pai, Mãe, Vida”.
A PC-AM destaca que tentou resgatar a ex-Sinhazinha do Garantido, mas não teve sucesso na abordagem. Ela foi encontrada morta, dentro da própria casa, na manhã de 28 de maio. A morte teria acontecido ainda durante a noite.
Bruno Roberto, ex-namorado, estava junto dela. De acordo com vídeos divulgados recentemente, supostamente filmados por ele, Djidja Cardoso fazia uso de cetamina antes de morrer.
Enterro e conflitos
Além do ex, o irmão e a mãe da vítima, Cleusimar Cardoso, também estavam na residência no momento da morte. Diversas imagens comprovam o uso de drogas dentro do núcleo familiar.
Apesar da proximidade entre eles, Cleusimar não compareceu ao enterro, em 29 de maio. O velório contou com a presença do Boi Garantido, que despediu-se da companheira que teve entre 2016 e 2020.
A partir daí, as acusações começaram a surgir de outros integrantes da família, que até levantaram suspeitas de atuação do núcleo familiar na morte de Maria Venina, de 83 anos, avó deles e mãe de Cleusimar.
Paloam Cardoso, primo de Djidja e Ademar, neto de Maria Venina, chegou a citar o nome de Bruno Roberto como responsável por aplicar o anabolizante nandrolona na idosa, que teriam levado à morte dela.
Prisões e apreensões
A investigação da operação “Mandrágora” começou oficialmente em 30 de maio, com as prisões de Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão da vítima. Eles estavam em posse de diversos frascos de cetamina, além de seringas para aplicação da droga.
Além deles, Verônica Seixas e Claudiele Santos, funcionárias do salão Belle Femme, também foram presas. A polícia encaminhou-os para a penitenciária, após audiência de custódia, no dia 31 de maio. Marlisson Vasconcelos, amigo de Djidja e funcionário do salão, se entregou às autoridades no mesmo dia.
A Polícia Civil ainda apreendeu cetamina, ampolas e seringas em salões de beleza da família da ex-Sinhazinha, bem como na clínica veterinária MaxVet, suspeita de fornecer o anestésico de uso animal. Ademar Cardoso também é suspeito de estupro de vulnerável.
Uso e distribuição de cetamina
Os laudos médicos não indicaram ação voluntária na morte de Djidja Cardoso. A morte é tida como “a esclarecer”, mas a causa indicada é depressão dos centros cardiorrespiratórios, que teria sido por conta do uso exacerbado de cetamina.
Uma das advogadas da família Cardoso confirmou o uso da substância pela família, no dia 2 de junho, e indicou que eles estariam sofrendo crises de abstinência. A defesa tenta uma internação compulsória dos envolvidos, sob argumento de dependência química deles.
Bruno Roberto foi ouvido pela polícia apenas no dia 3 de junho. Ele confirmou a existência da seita “Pai, Mãe, Vida”, inclusive com a presença de uma tatuagem representativa com os membros do grupo. A fala foi corroborada por Hatus Silveira, que esteve na delegacia no dia 4 de junho.
Coach de emagrecimento da família Cardoso, Silveira revelou que foi convidado a participar e chegou a ser drogado contra a própria vontade. Este dia também ficou marcado pela polêmica do abandono do carro da ex-Sinhazinha, que levantou suspeitas sobre Bruno Roberto, uma vez que ele foi o responsável por deixar o veículo.
Soltura de uns, prisão de outros
Autor de áudios que acusavam a família Cardoso e Bruno Roberto da morte da avó dele, Maria Venina, o primo Paloam Cardoso prestou depoimento à polícia em 5 de junho. Ele relatou o uso de drogas pela família, inclusive pela idosa e esperava a abertura de inquérito para investigar a morte dela, o que não aconteceu.
No dia 6 de junho, a Justiça do Amazonas concedeu prisão domiciliar para a maquiadora Claudiele Santos da Silva. A decisão considerou o fato dela ser mãe de uma criança em fase de amamentação. Ao deixar a penitenciária, ela rejeitou as acusações e rebateu as alegações de que exista uma seita.
Bruno Roberto e Hatus Silveira acompanhavam os desdobramentos do caso em liberdade até o dia 7 de junho, quando foram presos por inconsistência nos depoimentos. A PC-AM identificou conversas que indicavam o envolvimento deles na aquisição e na distribuição de cetamina em Manaus.
Bruno teria feito associação com Hatus para conseguir drogas. Além deles, o dono da MaxVet, José Máximo Silva de Oliveira, e dois funcionários, identificados como Emicley Araújo Freitas Júnior e Sávio Soares Pereira também foram presos.