A Amazônia Legal tem a existência de pelo menos 22 facções criminosas em todos os estados amazônicos.

É o que revelou nesta quarta-feira (30), dados foram compilados pelo relatório Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e do Instituto Mãe Crioula, com base em números das secretarias estaduais de Segurança Pública e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Do total de 772 municípios da Amazônia Legal, o relatório identificou ao menos 178 que têm presença de facções, o que representa 23% de todos os municípios da região.

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“A fronteira amazônica possui a maioria dos municípios que são objeto de disputa territorial por facções, que geralmente se instalam para estabelecer o controle dos fluxos e das relações de poder que garantam o escoamento de drogas e outros ilícitos para o território nacional”, destacou a entidade.

Os municípios em situação de disputa territorial entre duas ou mais facções são ao menos 80, representando o percentual de 10,4% do total da região.

“O que mais chama atenção e revela a gravidade do problema é que nos 178 municípios com a presença de alguma facção, vivem aproximadamente 57,9% dos habitantes da região. Nos 80 municípios em disputa por facções, a população absoluta é de cerca de 8,3 milhões de habitantes, algo próximo de 31,12 % da população total da Amazônia”, segundo o documento.

Segundo o relatório, cerca de um terço dos moradores da Amazônia Legal está em áreas conflagradas e em disputa, sujeitos às dinâmicas de violência extrema e sobreposição de ilegalidades e crimes.

O estudo reiterou que o processo de expansão e consolidação das facções criminosas na região está diretamente ligado às dinâmicas de funcionamento do sistema prisional.

“Em dez anos, a taxa de pessoas privadas de liberdade na Amazônia Legal cresceu 67,3%, enquanto a média nacional foi de 43,3% de aumento. Em 2022, 98.034 pessoas cumpriam pena no sistema penitenciário ou estavam sob custódia das polícias nos estados que compõem a Amazônia”, diz o documento.

Amazonas

O Amazonas vem sucedendo intensos confrontos de facções. Há uma disputa intensa e coexistência de mais de duas facções ao longo das rotas do narcotráfico, destacando-se os rios Solimões, Içá, Japurá, Envira, Negro e Javari.

Ao longo desses rios, convivem e por vezes se enfrentam, as facções brasileiras Comando Vermelho, Os crias, Primeiro Comando da Capital, Cartel do Norte; as facções peruanas Clã-Chuquizuta, Comando de Las Fronteiras e Los Quispe-Palamino; e facções colombinas, Dissidentes da FARC – Frentes Armando Ríos, Frente Carolina Ramírez e Frente Segunda Marquetalia.

Ao longo do corredor fluvial principal, no Rio Solimões existe a presença de um grupo local, denominado “piratas do Coari” ou “piratas dos Solimões”, que atua como sicários das facções e outras vezes cometendo roubo aos carregamentos de drogas de facções inimigas.

Manaus é uma metrópole em disputa pelas facções CV, que controla a grande maioria dos bairros, FDN, CDN, e em menor quantidade, o PCC.

Além de Manaus e dos demais municípios da zona da fronteira, os municípios de Coari, Tefé e Itacoatiara são extremamente importantes para as facções.

Presença de facções em municípios no Estado do Amazonas - Fonte: Instituto Mãe Crioula - IMC/FBSP (2023)
Presença de facções em municípios no Estado do Amazonas – Fonte: Instituto Mãe Crioula – IMC/FBSP (2023)

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