Uma advogada de Rio Branco alega ter sido empurrada por um policial militar na Delegacia de Flagrantes (Defla) da capital acreana, na noite da última quinta-feira (8), ao ir à unidade para acompanhar uma cliente que havia sido presa por desacato no Bairro Pista, região da Baixada da Sobral.

A advogada diz que chegou à unidade e se dirigiu à sala da PM, um espaço reservado na Defla.

Ela afirmou que tinha direito de permanecer no local, e durante a discussão teria sido empurrada pelo policial Manoel Ribeiro do Nascimento Neto.

A Comissão de Prerrogativas da OAB/AC foi acionada e acompanha o caso.

“Eu cheguei e abri o portão, disse que era advogada e queria acompanhar minha cliente. Os policiais levantaram e disseram que eu não poderia ficar no recinto. Expliquei tudo, falei que poderia mostrar a lei, eu tenho direito, desde o momento que minha cliente estiver aqui eu posso acompanhar”, relatou.

O policial envolvido na discussão foi interrogado pelo delegado Rafael Távora, mas preferiu se manter em silêncio.

“Ele foi o único que me desrespeitou e disse que minha sala era do outro lado e eu não tinha direito de estar lá dentro, a sala era só da PM, eu expliquei que só queria acompanhar e não queria interferir no serviço deles”, disse.

Em nota, a Polícia Militar do Acre disse que a abordagem ocorreu enquanto os agentes procuravam um suspeito de furto, que seria parente da mulher detida.

A PM-AC alega ainda que os agentes teriam sido agredidos verbalmente e por isso deram voz de prisão. As imagens devem ser analisadas pela corregedoria da instituição.

Uma mostra a confusão dentro da delegacia. Nessas imagens, a advogada Helane Christina e o policial Neto discutem frente a frente.

A advogada diz que o policial não pode tocá-la, e ele diz: “a senhora não chegue perto de mim”, ao que ela responde: “Já cheguei! E aí?”, e se afasta.

Discussão da delegacia de flagrantes do Acre – Video: Reprodução

Entenda o caso

Na última quinta-feira (8), policiais militares invadiram residência durante operação policial em busca de um suspeito de quebra de regime semi-aberto, entretanto os policiais não tinham um mandado de prisão para poder adentrar na casa.

A advogada do caso repassou vídeos que mostram o momento da chegada da PM à casa da família de Weverton, e diz que a abordagem foi truculenta.

A advogada afirma que a equipe policial entrou na casa sem mandado e utilizou spray de pimenta contra moradores.

O vídeo mostra o mesmo policial que teria agredido a advogada descendo da viatura e tentando puxar uma mulher pelo braço. Nesse momento, outras mulheres presentes tentam impedir.

O policial empurra as mulheres que interviram na abordagem, e outros policiais chegam para a ação.

Policiais militares invadiram a residência – Video: Reprodução

Neto também empurra um homem que filma a situação, e a confusão segue para dentro da residência.

As imagens não são claras, mas mostram uma sequência de gritos e empurrões, até que o agente acerta um tapa na mão do homem que faz a filmagem e o aparelho celular cai no chão.

Quando as imagens são retomadas, os envolvidos na briga já estão do lado de fora da casa e uma mulher é colocada na viatura.

OAB acompanha o caso

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC) divulgou nota na qual demonstrou apoio pela advogada, e disse que aguarda a apuração do caso.

A OAB também afirmou que se trata de um caso de misoginia, e repudiou “excesso de ordem física”.

“A OAB aguarda a apuração dos fatos, entretanto, não há como admitir que uma advogada mulher seja desrespeitada por servidor público homem, no exercício de sua função. Notícias correm visando desconstituir a atuação da advogada. Entretanto, não se torna admissível excesso na atividade policial, que é uma atividade tão cara à sociedade”, afirmou a nota.

Confira a íntegra da nota da PM-AC

A Polícia Militar do Acre (PMAC) esclarece que o contexto dos registros audiovisuais disseminados nas redes sociais, os quais retratam a condução de duas mulheres à delegacia, se deu em relação a uma averiguação envolvendo um suspeito de furtos no bairro João Eduardo.

Durante o desdobramento da ocorrência, as mencionadas mulheres, familiares do suspeito em questão, desacataram à guarnição com linguagens inadequadas de baixo calão e ofensivas. Em resposta a esses comportamentos, foi necessário a aplicação progressiva de força, resultando na prisão e condução das envolvidas à Delegacia de Flagrantes (Defla).

As imagens foram enviadas à corregedoria da corporação com objetivo de analisar cuidadosamente se os procedimentos adotados estão de acordo com as normas e regulamentos estabelecidos.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA PMAC