Nesta segunda-feira, 18, a CPI da Pandemia no Senado Federal ouviu o depoimento de parentes de vítimas da Covid-19. Em meio a emoções e lágrimas, os familiares relataram suas experiências durante a crise sanitária. Na ocasião, os senadores reforçaram a intenção de aprovar no relatório final propostas que dão apoio às vítimas da doenças e aos familiares, chamados ‘órfãos da covid’.
Um dos depoimentos mais marcantes foi da amazonense de 19 anos, Giovanna Gomes Mendes da Silva, órfão da covid. Ela perdeu a mãe para a doença e agora precisa sustentar a irmã mais nova de apenas 10 anos de idade.
“Minha mãe por ser transplantada tinha chance de ter o agravamento da doença, assim como teve. Ela passou 8 dias intubada e depois veio a óbito. O meu pai, no período em que ela estava internada, ele também estava. Ele se recuperou da Covid, mas ele tinha um doença pré-existente que ele ia começar o tratamento, um câncer, então quando ele saiu do tratamento da covid, ele foi internado dois dias depois porque o câncer havia se generalizado por todo o corpo. A gente não teve nem tempo de sofrer pela minha mãe, porque eu já tive que cuidar do papai no hospital. Não tive oportunidade de chorar. Foi uma diferença de 14 dias da morte dos meus pais”, contou a jovem.
“Eu, meus pais e minha irmã éramos muito unidos, muito mesmo. Onde nós estávamos, nós estávamos juntos. Quando eles faleceram nós perdemos as pessoas que nós mais amávamos. Eu vi que eu precisava da minha irmã e ela precisava de mim. A partir daí eu pensei que eu não poderia mais ficar sem ela, então decidi que precisava mesmo ficar com a guarda dela. Eu assumi esse desafio por amor”, relatou Giovanna.
A enfermeira de Manaus, Mayra Pires Lima, perdeu dois irmãos. Uma das irmãs de Mayra deixou 4 filhos, sendo dois deles gêmeos com apenas 4 meses de idade.
“Só em Manaus nós temos mais de 80 órfãos da Covid. Só da minha família são quatro crianças. Na ONG que eu ajudo tem o caso de uma menina que perdeu o pai, a mãe, a avó, ela ficou sozinha com outras crianças menores. Será que a gente conhece essa história, será que a gente realmente se preocupa com isso?”, disse Mayra.
Márcio Antônio do Nascimento Silva também deu seu depoimento. Ele perdeu um filho para a doença. Márcio ficou conhecido nacionalmente depois que recolocou na areia da praia de Copacabana, em abril de 2020, cruzes, simbolizando os mortos, que haviam sido chutadas por um aposentado.
“Aquele ato tinha muita indignação. Mas não tinha ódio, nem raiva, pelo contrário, tinha um sentimento de muito amor. O meu ato foi um ato de resistência, porque eu sou de origem quilombola, e já estou acostumado a sentir isso”, explicou.
Márcio distribuiu aos membros da CPI uma caixa com 600 lenços, para representar os mais de 600 mil mortos pela covid no país.
Veja a sessão da CPI com os depoimentos
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