O presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Pedro Guimarães é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) devido a denúncias de assédio sexual. O caso está sob sigilo.

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Guimarães é um dos nomes mais próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e está na presidência da CEF desde o início do governo. Ele costuma acompanhar Bolsonaro em viagens e participava de lives com o presidente.

Funcionárias estão acusando o presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Duarte Guimarães, de 51 anos, de assédio sexual. As denúncias foram divulgadas pelo site Metrópoles e publicadas nesta terça-feira, 28.

A Caixa disse que “não tem conhecimento das denúncias apresentadas, que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio e que possui canal de denúncias por meio do qual são apuradas quaisquer supostas irregularidades atribuídas à conduta de qualquer empregado, independente da função hierárquica, que garante o anonimato, o sigilo e o correto processamento das denúncias”.

Relatos das vítimas

“Dono das mulheres”

Ana afirma que, a depender da proximidade que tem com algumas das mulheres, Pedro Guimarães passa a se sentir “dono” delas. 

“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, diz. “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.” 

A reportagem teve acesso a registros que corroboram o relato, mas optou por não exibi-los para não expor a funcionária envolvida. 

Ana relata que, diante de negativas das subordinadas, ele insiste: “Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”. 

“Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, completa.

“Discos voadores”

Dentro da Caixa, uma prática apontada como comum na atual gestão deu origem a um epíteto: “discos voadores”. 

Por vezes, diz uma das mulheres, funcionárias são promovidas hierarquicamente mesmo sem preencher os requisitos necessários e acabam transferidas para a sede, por conveniência de Guimarães.

“Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”

A escolha das mulheres que integram a comitiva de Pedro Guimarães nas viagens do programa Caixa Mais Brasil é feita diretamente pelo gabinete dele, denunciam as funcionárias. 

E o critério da seleção, diz Valéria, outra funcionária, é definido de acordo com as preferências de Guimarães: “Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”. 

“Você gosta de sauna?”

“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange”, diz Thaís.

Beatriz, mais uma das funcionárias que se sentiram assediadas, relata que, depois de Guimarães puxar conversa sobre suas habilidades de nadador (na juventude, ele chegou a participar de competições), também recebeu um convite que classifica como estranho para nadar. “Eu falei que não ia”, diz.

Ela afirma que recusou por ter entendido que havia segundas intenções no chamado.

“E se o presidente quiser transar com você?”

Cristina diz que, em outra viagem, duas funcionárias da equipe foram chamadas para ir à piscina do hotel encontrar Pedro Guimarães. Ao chegar lá, entenderam qual era a ideia. Primeiro, elas se sentiram constrangidas a assistir à performance dele na piscina.

 “Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, diz ela.

Depois, afirma, uma das mulheres ouviu uma proposta indecente, feita por uma pessoa bem próxima a Guimarães: “E se o presidente quiser transar com você?”.

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