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‘Imbrochável’: psicanalista analisa discurso de Bolsonaro em atos no 7 de setembro

Durante a celebração do 7 de setembro, data que marca o bicentenário da Independência do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro repetiu cinco vezes o termo “imbrochável” durante o seu discurso. 

A palavra não está no dicionário, mas indica suposta potência sexual inabalável.

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Para o psicanalista Christian Dunker, professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e vencedor do prêmio Jabuti de 2021, Bolsonaro usa dualidade em seu discurso.

“Uma característica inovadora do discurso do presidente é que ele usa alternadamente uma retórica do respeito à família, à moral e aos bons costumes, e uma retórica libidinal, do palavreado chulo, da linguagem privada em espaço público”, contou o profissional à reportagem da BBC Brasil. 

Segundo o especialista, o presidente inova ao trazer à política “uma característica curiosa da cultura brasileira: essa dupla moral, essa hipocrisia assumida publicamente”, comenta. 

Para o psicanalista, Bolsonaro apostaria em um estilo de autoridade que tem apelo para essa “hipocrisia brasileira, sobrepondo o que é público e o que é privado”.

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Fragilidade de macho

O especialista também aponta pontos “bem pouco originais” na narrativa do presidente.

“Essa disponibilidade pemanente do ‘imbrochável’, esse falicismo exagerado, é um discurso de quem se sente ameaçado pelas mudanças na cultura e nos laços sociais. A reação de Bolsonaro é típica da masculinidade frágil: ele se sente atacado e responde com excesso, exagero”, comenta. 

De acordo com o professor, o discurso de Bolsonaro traz um efeito de comédia. 

“Algumas pessoas de fato acreditam, mas a maior parte tem uma relação de riso com essa frase (‘sou imbrochável’). E esse riso é muito importante porque é um tipo de prazer, de satisfação”, conta. 

Para o psicanalista, Bolsonaro oferece um espetáculo que enaltece os homens. 

“Bolsonaro está oferecendo é um espetáculo de fazer a pessoa sentir o prazer do ‘poder ser macho de novo’.

O discurso do presidente, conforme a análise do profissional, vende que ele vai entregar aquilo que os torna grandiosamente masculinos de novo. “E que a ordem vai voltar”, finaliza. 

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