A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) foi empossada no cargo de ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima na tarde desta quarta-feira (4), em Brasília.

A ministra destacou que “a emergência climática se impõe” e é necessário que o Brasil retorne para o debate ambiental internacional.

Além disso, Marina Silva afirmou que a justiça climática e o racismo ambiental orientarão as políticas desenvolvidas pela pasta.

A cerimônia da transmissão de cargo de ministra ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, às 16h.

Discurso de Marina Silva

Marina fez uma referência ao discurso de Alckmin ao dizer que a redução do carbono e a reindustrialização sustentável não vão ocorrer da noite para o dia.

No entanto, por meio de parcerias, será possível que o Brasil deixe de “ser o pior cartão de visita para os nossos interesses estratégicos”, disse.

“Se as pessoas querem produtos de base sustentável, aqui deverá ser o endereço”, complementou a ministra.

Marina Silva criticou a gestão do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na questão ambiental.

“Boiadas passaram em lugares onde deveriam passar apenas políticas de proteção socioambiental”, destacou.

A ministra se dirigiu aos servidores da pasta e afirmou que serão respeitados.

“Basta de perseguição, de assédio institucional, vocês merecem e serão respeitados”, disse.

Para a sua gestão, Marina afirmou que o ministério terá um redesenho, que já começou pelo nomenclatura da pasta.

Agora o nome oficial é Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA).

“Emergência climática se impõe. […] Países, pessoas e ecossistemas se mostram menos capazes de lidar com as consequências e os mais pobres são os mais afetados”, afirmou.

Marina quer transformar o Brasil em uma liderança nacional e internacional por meio do MMA.

Em prol de uma governança climática robusta, Marina Silva ressaltou as inovações do novo ministério. Confira:

  • Retorno da Secretaria Nacional de Mudança Climática que inclui o Departamento de Política para Oceano e Gestão Costeira;
  • Criação da Autoridade Nacional de Segurança Climática até março;
  • Vinculação ao MMA: IBAMA, ICMBio, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Agência Nacional de Águas e a Autoridade Nacional de Mudança Climática;
  • Criação da Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Territorial;
  • Criação da Secretaria de Bioeconomia;
  • Criação da Secretaria de Gestão Ambiental Urbana e Qualidade Ambiental.

A Autoridade Nacional de Segurança Climática, que será apresentada até março, é um conselho sobre mudança do clima que vai ser comandado pelo próprio presidente da República.

O comitê vai contar com a participação de todos os ministérios e vai funcionar como órgão central sobre mudança do clima, que vai além da esfera federal, segundo a ministra.

As principais funções do órgão serão: produzir subsídios para execução e implementação da política nacional do clima, regular implementação de políticas ambientais e supervisionar instrumentos, programas e ações para implementação da política nacional.

Até o fim do mês de abril, a proposta para a criação do conselho será enviada ao Congresso Nacional.

Quem é Marina Silva

Nascida no Acre, Marina Silva, 64 anos, tem uma longa carreira na política, tendo sido vereadora de Rio Branco, deputada estadual e senadora pelo estado.

Em 2022, nas últimas eleições, foi eleita deputada federal por São Paulo, pelo partido Rede.

Marina Silva graduou-se em 1994 em História pela Universidade Federal do Acre.

Historiadora, foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Acre, ao lado do seringueiro Chico Mendes.

Fez mestrado na Universidade Católica de Brasília e doutorado na Universidade de Brasília (UnB).

Marina Silva vai ocupar pela segunda vez o cargo de ministra do Meio Ambiente, função que exerceu entre 2003 e 2008.

Além disso, a ministra disputou as eleições presidenciais em 2010, 2014 e 2018 e fundou o Partido Verde.

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Presenças na posse

A primeira a discursar foi a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, que ressaltou o número de ministras no governo Lula.

“Motivo de orgulho, compor o ministério junto a essa mulher de garra. […] Somos 11 mulheres, nunca na história desse país houve tantas mulheres no comando de pastas importantes, ainda temos duas presidentes de bancos, Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal”.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa destacou que “o meio ambiente será visto de forma transversal em todos os ministérios”. […] Que projetos surjam e se estruturem com a concepção da sustentabilidade ambiental e do meio ambiente.”, afirmou.

Para o ministro, é um desejo do mundo inteiro que o Brasil se torne referência ambiental internacional.

Geraldo Alckmin fez um breve discurso desejando bom trabalho à ministra.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participou pela primeira vez de uma cerimônia de transmissão de cargo, na manhã desta quarta-feira (4), — do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços — não participou da posse de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente.

Os dois eventos ocorreram no Palácio do Planalto, o de Alckmin, às 11h, e o de Marina, às 16h.

Segundo a assessoria do presidente, ele já tinha compromisso na agenda oficial. Às 16h, Lula tinha reunião marcada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

A primeira-dama, Janja da Silva, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), foram duas das autoridades que participaram da cerimônia.

A neta de Chico Mendes, Angélica Mendes, e Tsai Xuruí, ativista indígena do povo indígena Paiter Suruí, que discursou na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima, em 2021, também estavam presentes.

Cerca de uma hora antes do evento oficial, diversos participantes já estavam aguardando para conseguir o seu lugar na cerimônia.

A fila para acompanhar a cerimônia no Palácio do Planalto era quilométrica e chegou a dar uma volta no prédio.