O ex-ministro aposentado do STF, Ricardo Lewandowski, que se destacou na disputa societária da J&F, holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista, agora participa de uma transição para assumir o Ministério da Justiça.

Indicado por Lula, ele está prestes a abrir mão de sua posição na J&F.

Em maio do ano passado, apenas uma semana após sua saída do Supremo, Lewandowski foi contratado pela J&F. Sua nomeação como consultor sênior foi no contexto da batalha legal contra a Paper Excellence pela Eldorado Papel e Celulose.

O ex-ministro, também atuou com a equipe de advogados da empresa, elaborou um parecer, obtido pelo UOL, defendendo a anulação de sentenças desfavoráveis aos interesses do grupo dos irmãos Batista, que enfrenta uma disputa judicial de R$ 15 bilhões.

O imbróglio judicial começou em 2017, quando a J&F vendeu ativos para cumprir um acordo de leniência com o Ministério Público Federal durante a Lava Jato. Entre os ativos estava a Eldorado, adquirida pela Paper Excellence por R$ 3,8 bilhões.

A disputa agora gira em torno de alegações contraditórias: a J&F alega que a Paper não apresentou garantias para a conclusão do negócio, enquanto a Paper afirma que os irmãos Batista estão criando obstáculos para a conclusão da venda.

Com o caso se arrastando na Justiça de São Paulo, Lewandowski emitiu um parecer no ano passado a favor da anulação de decisões da juíza Renata Mota Maciel, da 2ª Vara Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem, que havia decidido a favor da Paper em primeira instância.

O ex-ministro, alinhado com os interesses da J&F, criticou a juíza, alegando que ela proferiu as sentenças mesmo após uma decisão do Tribunal de Justiça paulista ordenar a suspensão do processo.

A J&F optou por não comentar o caso, evitando divulgar informações sobre a atuação de Lewandowski ou os valores associados ao seu contrato.