Desde a eleição da primeira vereadora da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Léa Alencar Antony, em 1964, apenas 31 mulheres ocuparam a Casa Legislativa, nos últimos 60 anos.
Essa composição reflete a sub-representação feminina na política amazonense, que é uma realidade em todo o estado tanto na esfera municipal e estadual do Poder Legislativo, quanto no Executivo.
Apesar da população do Amazonas ser composta por 1,64 milhões de mulheres (50,2%), conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), grande parte dos cargos políticos são ocupados por homens.
Desafios
O processo para a mulher se projetar na política não é tão simples, como aponta a cientista política Marilene Corrêa ao Portal Norte.
Isso porque, não é uma questão que depende apenas da vontade das mulheres, mas do apoio da sociedade em fortalecer a entrada da figura feminina na política. Ou seja, passa pela legitimação da adesão da candidatura feminina no espaço interno partidário e financeiro.
“Ela precisa de apoio do ponto de vista financeiro, e apoio dos quadros partidários que já existem. De apoio, no caso do Partido dos Trabalhadores, de tendências que cheguem a um acordo em relação a um nome. São vários fatores que fazem com que ela saia candidata”, afirmou Marilene.
Após passar por esse funil de desafios para lançar a candidatura, a mulher ainda precisa ganhar força na visibilidade durante a campanha eleitoral.
“Vem a disputa pelo voto no conjunto da sociedade que vai depender do tempo que ela tem acesso na televisão, da bandeira que ela agrega para convencer os eleitores, se ela tem apoio ou não dos movimentos que lutam pela causa feminina, se ela é uma liderança proveniente dessa área, se ela tem apoio de nichos importantes das mulheres da sociedade, ou seja, são inúmeras variáveis”, diz Marilene.
Marilene destaca que a representação feminina na política traz olhares e percepções importantes para pautas que impactam a vida da mulher, como a maternidade.
Neste sentido, a sub-representação feminina deixa um vácuo na criação de políticas públicas voltadas para o grupo.
“A importância da mulher na vida da política do Amazonas e do Brasil é enorme. Primeiro que o olhar feminino, que é um olhar de gênero, que é o olhar da vida materna, quer um olhar da compreensão familiar, é um modo muito especial de expressar a vivência social e a convivência comunitária. Esse olhar faz falta. A ausência desse olhar torna as relações menos diversas”, aponta Marilene Corrêa.
Aleam
Na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) apenas cinco mulheres atuam na Casa Legislativa. Débora Menezes (PL), Joana Darc (União Brasil), Alessandra Campêlo (Podemos), Mayara Pinheiro (Republicanos) e Mayra Dias (Avante) representam apenas 20% das 24 cadeiras.
O número atual de representantes femininas na Aleam é o mesmo da legislatura anterior, com cinco mulheres nos cargos. Apesar do baixo número, a composição da bancada feminina já foi ainda menor em anos anteriores. Nas eleições de 2014, apenas uma mulher foi eleita na Casa Legislativa.
CMM
Já na Câmara Municipal de Manaus a proporção de mulheres atuantes hoje é ainda menor. Das 42 cadeiras, apenas quatro são ocupadas por mulheres.
São elas: Thaysa Lippy (Progressistas), Glória Carrate (PL), Professora Jacqueline (União Brasil) e Yomara Lins (PRTB). As vereadoras representam apenas 9,5% da composição da Câmara.
O número atual de mulheres na Câmara Municipal de Manaus é o mesmo de 2017, com quatro representações femininas.
Nas últimas quatro legislaturas da CMM, apenas 11 mulheres atuaram na Casa Legislativa: Glória Carrate, Thaysa Lippy, Professora Jacqueline, Socorro Sampaio, Rosi Matos, Vilma Queiroz, Cida Gurgel, Lúcia Antony, Marise Mendes, Yomara Lins, Joana Darc.
Prefeituras
Em relação às prefeituras dos 62 municípios do Amazonas, apenas cinco mulheres exercem o cargo eletivo.
O município de Presidente Figueiredo é comandado por Patrícia Lopes (MDB). Ela é a primeira prefeita do local.
Já Marina Pandolfo (PSD) venceu as eleições para a prefeitura de Nhamundá, em 2020, sendo a primeira mulher eleita para o Executivo municipal no município.
No município de Beruri, o Executivo é coordenado por Maria Lucir Santos de Oliveira (MDB), enquanto que em Ipixuna, Maria Oliveira (PSDB) dirige prefeitura do município ipixunense. O município de Ipiranga tem Denise Lima (DEM) como prefeita.