Medo, desconfiança e dificuldade em deslocamento impediram imigrantes venezuelanos que estão no Brasil de participarem das eleições em seu país, realizadas neste domingo.  

“O voto seria a chance de mudar a situação do meu país e voltar para casa”, disse David Belmudes, de 32 anos.  Fora da Venezuela há nove anos, ele mora em Pacaraima, município brasileiro na fronteira com o país vizinho.

Em entrevista ao G1, David contou que não tinha os recursos para viajar cerca de 300 quilômetros e regularizar seu título de eleitor.   

“Queria votar, queria muito, mas não vou. Votar seria a chance de mudança, chance de voltar pra minha casa, pro meu país. Não quero mais ser migrante, não quero mais ter que passar necessidade em outro país, não quero mais fome. Eu quero ir pro meu país! Votar seria a chance que temos de mudar isso. Eu não vou conseguir por não ter condições financeiras de ir renovar meus documentos”, disse David.

Medo

Zulanny Maureira, de 26 anos, também mora em Pacaraima.  Chegou no Brasil, junto com a filha de quatro anos, há um mês.  “Até penso em voltar, mas a crise financeira é muito séria. Dependendo do resultados, até posso voltar pra lá”, disse.  

O que mantém Zulanny no Brasil é o medo de uma guerra. Nicolás Maduro disse, antes das eleições, que se não fosse reeleito, haveria um banho de sangue no país. “Se tiver alguma guerra, não vai importar o posicionamento político, vai ser ruim para todos no país”, previu.

Desconfiança

Já o professor Yan Cartalla, 49 anos, não acredita no processo eleitoral sob o regime de Nicolás Maduro. O professor chegou a Pacaraima quatro dias antes das eleições.  Seu objetivo é encontrar um irmão que vive em Santa Catarina.

“Não vou votar pois não acredito nas eleições e no processo eleitoral. Para mim, as eleições na Venezuela são viciadas. Eu até gostaria de votar, de escolher alguém para governar meu país, mas com outro ambiente, outra segurança, com mais confiança”, disse o professor.

Quantos venezuelanos votaram no Brasil?

A Embaixada da Venezuela em Brasília foi o único local de votação para as eleições venezuelanas em território brasileiro.

Em 2019, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil fechou todos os consulados venezuelanos. Com isso, apenas 38 dos 1.059 venezuelanos no Brasil votaram neste domingo (28), segundo a Embaixada.

No total, 21,4 milhões de venezuelanos estavam aptos a votar. Destes, 4 milhões estavam fora do país, mas apenas pouco mais de 69 mil podiam votar. Além disso, o voto era facultativo, ou seja, não era obrigatório. Por fim, não haverá segundo turno.

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