O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista à RedeTV! que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, não é um “problema” do Brasil.
A declaração surge após um período de rusgas diplomáticas entre os dois países. Lula estava evitando falar sobre o tema.
Desde o anúncio da vitória de Maduro, o governo brasileiro tem sido alvo de críticas venezuelanas por não reconhecer o resultado.
O órgão eleitoral da Venezuela declarou Maduro como vencedor, mas não apresentou as atas da votação, o que gerou desconfiança sobre a legitimidade do processo.
Durante a entrevista, Lula disse: “Eu quero que a Venezuela viva bem, que eles cuidem do povo com dignidade. Eu vou cuidar do Brasil, o Maduro cuida dele, o povo venezuelano cuida do Maduro, e eu cuido Brasil. E vamos seguir em frente.”
Transparência nas eleições da Venezuela
Lula questionou a falta de transparência nas eleições venezuelanas, especialmente após o pedido de divulgação das atas eleitorais, que não foram apresentadas.
“Eu não tenho o direito de ficar questionando a Suprema Corte de outro país porque eu não quero que nenhum país fique questionando a minha Suprema Corte, mesmo quando ela erra. Mesmo quando ela faz como fez comigo de não deixar eu ser candidato em 2018”, explicou Lula.
O atrito entre Brasil e Venezuela se intensificou ainda mais quando o governo brasileiro bloqueou a entrada da Venezuela no BRICS, bloco que reúne economias emergentes. O governo venezuelano acusou o Brasil de “agressão inexplicável”.
Maduro e o Brasil: um confronto de narrativas
Em resposta a essas tensões, Maduro questionou a credibilidade das eleições brasileiras, afirmando, sem provas, que as eleições no Brasil não são auditadas.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rebateu essas alegações. Em novembro, a relação entre os dois países se deteriorou ainda mais quando a polícia venezuelana publicou uma imagem da bandeira brasileira com a frase “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”, sobreposta por uma silhueta que lembrava Lula.
O Itamaraty classificou as declarações da Venezuela como “ofensivas”, e o regime de Maduro seguiu criticando o Brasil, acusando o governo brasileiro de promover “agressões grosseiras” contra o presidente venezuelano.