Durante a abertura da cúpula do G20, realizada nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a importância da Aliança Global contra a Fome, lançada oficialmente com o apoio de 81 países e diversas organizações internacionais.
Lula enfatizou que a fome e a pobreza não são consequências de escassez de recursos, mas sim de decisões políticas que perpetuam a exclusão social.
“É produto de decisões políticas que excluem grande parte da humanidade. O G20 tem a responsabilidade de acabar com essa chaga, que envergonha a humanidade”, afirmou o presidente.
Lula também destacou os avanços do Brasil na luta contra a fome, mencionando que, apesar do retrocesso vivido desde 2022, o país tem capacidade de superar a crise.
“Em um ano e onze meses, o retorno desses programas [Bolsa Família e Programa Nacional de Alimentação Escolar] já retirou mais de 24 milhões de pessoas da extrema pobreza. Até 2026 sairemos novamente do Mapa da Fome. E com a Aliança, faremos muito mais”, afirmou.
Confira os dados de insegurança alimentar da região Norte
A insegurança alimentar no Brasil continua sendo um desafio, especialmente na Região Norte, que apresenta os índices mais elevados do país.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2023, 39,7% dos domicílios da região ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar, o que compromete a qualidade e a sustentabilidade alimentar de milhões de brasileiros.
Dados indicam que aproximadamente 23,7% dos lares sofrem com insegurança alimentar leve, vivendo com incertezas quanto à manutenção do acesso à alimentação.
Em um cenário de crescente desigualdade, a insegurança alimentar grave afeta especialmente a região Norte, onde 7,7% dos domicílios enfrentam severas restrições alimentares, quase quatro vezes mais que no Sul do país (2%).
Situação de insegurança alimentar por estado
- Pará: 27,4% leve; 10,8% moderada; e 9,5% grave
- Amazonas: 25,4% leve; 8,2% moderada; e 9,1% grave
- Amapá: 12,5% leve; 10,2% moderada; e 8,4% grave
- Roraima: 21,7% leve; 7,8% moderada; e 6,6% grave
- Acre: 19,3% leve; 5,5% moderada; 5,7% grave
- Rondônia: 15% leve; 2,2% moderada; e 2,9% grave
- Tocantins: 21,3% leve; 5% moderada; e 2,6% grave
A insegurança alimentar é classificada em três níveis, de acordo com a gravidade da situação de acesso aos alimentos:
- Insegurança alimentar leve: Refere-se a situações em que as pessoas enfrentam incertezas quanto ao acesso constante a alimentos, o que pode causar preocupações sobre a capacidade de manter uma alimentação regular e de qualidade. Embora ainda haja acesso a alimentos, pode haver compromissos na variedade e qualidade nutricional da dieta.
- Insegurança alimentar moderada: Nesse nível, a quantidade e qualidade dos alimentos consumidos começam a ser comprometidas de forma mais significativa. As famílias podem reduzir o tamanho das porções e a frequência das refeições, o que afeta a saúde e a nutrição, gerando um impacto maior na qualidade de vida.
- Insegurança alimentar grave: Trata-se da situação mais crítica, onde há restrições severas no acesso aos alimentos. Muitas vezes, isso leva à fome real, com as famílias enfrentando dificuldades extremas para obter alimentos suficientes, o que pode resultar em desnutrição e impactos severos na saúde física e mental.