O coronel Francisco Lisboa Júnior, da Polícia Militar de Roraima (PM-RR), foi exonerado do Comando de Policiamento do Interior (CPI) apenas dois dias após sua nomeação.
A decisão, publicada na última quarta-feira (8), ocorre em meio às investigações da “Operação Martellus”, da Polícia Federal (PF), que apura uma suposta associação criminosa ligada à compra de votos nas eleições municipais de 2024.
Lisboa Júnior havia assumido o cargo na segunda-feira (6), substituindo o coronel Overlan Lopes Alves, que acabou retornando ao comando do CPI de Roraima após a exoneração do colega.
O governo realocou Lisboa para a função de diretor de Recursos Humanos da PM-RR, mas nega que teve nomeação formal ao comando, apesar dos registros no Diário Oficial Eletrônico.
A trajetória recente do coronel inclui uma prisão pela PF em dezembro de 2024, sob acusação de participar de um esquema que beneficiava o vereador Genilson Costa, reeleito em Boa Vista.
Segundo as investigações, ele teria ajudado a informar o vereador sobre denúncias relacionadas à compra de votos.
Operação Martellus
A Polícia Federal começou a investigar o esquema em outubro de 2024, após denúncias de corrupção eleitoral. Segundo a PF, eleitores estavam recebendo entre R$ 100 e R$ 150 em troca de votos.
Além disso, Genilson Costa, apontado como líder do esquema, teria movimentado cerca de R$ 1 milhão com a ajuda de aliados, incluindo agentes públicos.
Durante as apurações, o vereador recebeu apreensão em flagrante por corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro e posse de ouro bruto, mas teve liberação por decisão judicial.
Genilson teria utilizado um grupo de mensagens para organizar o esquema e então garantir o pagamento aos envolvidos.
A exoneração e a reação
No mesmo dia em que assumiu o comando do CPI, Francisco Lisboa agradeceu ao governador Antonio Denarium (PP) e ao comandante-geral da PM-RR, Miramilton Goiano, pela confiança.
“É uma grande responsabilidade comandar esses 14 municípios do interior de Roraima”, declarou em um vídeo publicado nas redes sociais.
Entretanto, a repercussão negativa e as investigações em andamento levaram o governo a exonerar Lisboa Júnior dois dias depois.
Agora, o coronel permanece sob investigação e pode responder por crimes como associação criminosa, corrupção eleitoral e prevaricação.
Por fim, a “Operação Martellus” segue em andamento, e a Polícia Federal informou que pode indiciar os envolvidos por outros crimes, incluindo falsidade ideológica, transporte ilegal de eleitores e lavagem de dinheiro.