As mudanças climáticas já estão acontecendo e as temperaturas extremas ficam cada vez mais evidentes. Nesse cenário, a região Norte está no meio da transição ocasionada pela saída de El Niño para a chegada do La Niña.
O El Niño e La Niña são fenômenos atmosféricos que impactam de forma significativa as condições climáticas. Enquanto o El Niño corresponde ao aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial, o La Niña corresponde à diminuição da temperatura das águas do oceano Pacífico, também na sua porção equatorial.
Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o El Niño provoca secas severas, enquanto o La Niña favorece a formação de chuvas nessas mesmas regiões. Já a região Sul do Brasil experimenta maiores volumes de chuva durante o El Niño e, de forma contrária, menores volumes pluviométricos no período de ocorrência do La Niña.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desde o início de abril, foi registrado um resfriamento substancial das Temperaturas da Superfície do Mar (TSMs) que chegaram, nos últimos dias, a valores próximos a 0,5ºC (graus Celsius) acima da média, na área de referência para definição do evento, denominada região de Niño 3.4.
Esse valor de temperatura é considerado o limite para o início da fase neutra do oceano. Ainda segundo o Inmet, antes disso, as TSMs já vinham em constante esfriamento no Pacífico Equatorial. Entre os meses de fevereiro e março de 2024, as temperaturas descaíram de 1,5ºC para 1,2ºC acima da média.
Chuva e ‘friagem’ na região Norte
O El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico, está chegando ao fim e próximo da condição neutra. Simultaneamente, acontece um esfriamento em direção a parte central do oceano, favorecendo a formação do La Niña, previsto para o segundo semestre do ano.
Segundo a meteorologista do Inmet, Andrea Mendes, esses efeitos são ingredientes climáticos para formar um fenômeno muito comum no sul da região norte: a friagem. A tendência é que os nortistas possam presenciar a diminuição no clima em 2024, uma vez que ano passado não houve devido El Niño aninho estar relacionado com calor.
“Como o La Nina já está relacionado com o frio, eventualmente pode ocorrer declínio de temperatura na região do sul da Amazônia, que envolve o sul do Pará, sul do Amazonas, Acre e Rondônia. Em alguns momentos teve uma (friagem) que chegou até Manaus, essa situação ocorreu no episódio de La Niña em 2022”, comentou.
Ainda segundo a meteorologista, o último La Niña durou três anos e aconteceu de 2019 até 2022, enquanto que o El Nino começou em junho de 2023 e já apresenta sinais de que está perdendo a intensidade.
“Então, o La Niña pode proporcionar essas chuvas na região Norte e no Nordeste, que eventualmente pode ocasionar questões de alagamento, transbordamento, até porque ele aumenta as chuvas na região”, ressalta Andrea.
Outras previsões na região Norte
Conforme as previsões, somente a partir de maio o El Niño deve diminuir seus efeitos e com isso, aumentar a presença do La Ninã, em julho, agosto e setembro. A maior evidência começa em agosto, setembro e outubro.
Até que a fase de neutralidade do El Niño seja concluída, outros sistemas que atuam no clima como o aquecimento do Atlântico podem provocar a influência de chuvas que serão mais direcionadas para o norte do Pará. Consequentemente, volta a chover em Roraima.
Roraima que está com um problema de seca e clima quente, vai voltar a chover. A previsão indica que começou a ter esse padrão de chuvas com o El Niño, perdendo sua força e, consequentemente, trazendo essas estabilidades para o estado.
“Chama atenção agora nesse momento, depois de vários meses o centro e o norte de Roraima enfrentarem temperaturas acima de 37, 38 graus e o retorno das chuvas de forma gradual que vão se intensificar durante o período, nos próximos meses”, avalia Andrea.