A publicação do portal “A Província do Pará”, datada de 16 de abril de 2024, com o título “MST manda recado a Lula e seus ministros de governo: ‘vamos incendiar o agro no Brasil’”, foi removida em 26 de agosto, após alegações de ser uma notícia falsa.
A notícia, publicada na rede social X, sugeria que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) seria responsável pelas queimadas que atingiram o Sudeste e Centro-Oeste em agosto, porém, a frase citada no título não aparecia em nenhuma parte do texto.
A captura de tela realizada pelo Comprova demonstrou que a alegação sobre “incendiar o agro” não tinha base no conteúdo do site. Publicações semelhantes, feitas em 15 de abril por outros sites de desinformação, também foram removidas.
O Comprova conseguiu acessar essas informações antes de serem retiradas e verificou que as distorções diziam respeito à campanha “Abril Vermelho”, promovida pelo MST, sem qualquer menção a queimadas.
Poscionamento do MST
O MST negou veementemente as acusações em nota oficial, afirmando que as alegações são uma tentativa de desviar a atenção das verdadeiras causas dos incêndios e criminalizar a luta pela reforma agrária.
Segundo o movimento, as queimadas recentes decorrem de práticas insustentáveis do agronegócio, como a concentração de terras e o uso indiscriminado de recursos naturais.
A coordenação nacional do MST reforçou que suas manifestações em abril focaram na regularização fundiária e na obtenção de crédito e infraestrutura para assentamentos, não no agronegócio.
Investigação da Polícia Federal
Até o momento, as investigações seguem em curso, com a Polícia Federal abrindo 31 inquéritos para apurar os incêndios em São Paulo, que ocorreram principalmente em áreas de cultivo de cana-de-açúcar e pastagens, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Nove pessoas foram presas até o dia 29 de agosto, mas não há consenso entre as autoridades sobre a organização dos crimes.
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aponta para uma ação orquestrada, enquanto o governo estadual de São Paulo não vê evidências claras de uma ação organizada.
Investigação do Comprova
A reportagem tentou entrar em contato com os responsáveis pela publicação, mas não obteve resposta. O Comprova, que investiga conteúdos de grande alcance nas redes sociais, indicou que o post foi visualizado mais de 168 mil vezes, compartilhado 4 mil vezes, recebeu 12 mil curtidas e 247 comentários até o final de agosto.
Para verificar a veracidade das informações, o Comprova recorreu à ferramenta Wayback Machine e consultou pronunciamentos oficiais do MST, além de análises do Ipam. Outras iniciativas de checagem, como Aos Fatos, Boatos.org e a Agência Pública, também desmentiram qualquer envolvimento do MST nas queimadas recentes.
O Comprova ainda monitorou conteúdos suspeitos nas redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições, abrindo investigações para os casos com maior repercussão. Sugestões de verificação podem ser enviadas via WhatsApp para +55 11 97045-4984.
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Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.