O bicho do pé grande, uma mulher que “vira” porco e o Jão Branco. Essãs são algumas das diversas lendas vivenciadas por gerações de moradores de Porto Velho (RO), que mantêm vivas, intrigam e desafiam a realidade e o mito.

Estas histórias ocorreram especificamente dentro da Reserva Extrativista Lago do Cuniã (Resex), e curiosamente, até o próprio nome da reserva tem origem em uma dessas narrativas enigmáticas.

Reserva Extrativista Lago do Cuniã (Resex). Foto: Prefeitura de Porto Velho

Naldo de Souza, um dos moradores mais antigos da comunidade, reuniu alguns dos relatos mais marcantes que atravessam os tempos na Resex. Conheça algumas delas:

O bicho do pé grande

Uma das histórias mais conhecidas é a do enigmático Pé Grande, uma criatura misteriosa que teria sido vista repetidas vezes dentro da reserva.

Em um distrito próximo, um pescador, enquanto navegava por um igarapé, passou por algo que parecia uma “ponte”, mas que de repente começou a se levantar.

Ao virar-se, deparou-se com um homem coberto de pelos, alto como nenhum outro. O pescador disparou sua espingarda sete vezes, mas nada pareceu afetar a criatura.

Desesperado, ele então abandonou seus pertences e foi resgatado por um barco nas proximidades.

Dias depois, quando retornou ao local, encontrou seu barco e sua espingarda. No entanto, o que realmente chamou a atenção foram os tufos de pelos enormes e as pegadas deixadas pelo caminho.

Cobra que protege o lago

Outro mito da Resex está profundamente entrelaçado com o próprio nome do Lago do Cuniã. Segundo a lenda, a região foi palco de um conflito entre indígenas e colonizadores, forçando os povos nativos a fugirem para salvar suas vidas.

Uma jovem indígena, de uma beleza singular, foi capturada e mantida viva. Porém, em uma noite de desespero, ela conseguiu escapar e mergulhou nas águas do lago, desaparecendo para sempre.

De acordo com a lenda, a jovem se transformou em uma cobra gigante, conhecida como a guardiã do lago. Ela habita o ponto mais profundo das águas – o misterioso poço-preto – e enquanto estiver lá, a vida na reserva será mantida.

No entanto, quando o morador mais antigo morrer, a cobra deixará o lago, levando consigo suas águas e secando a região.

Relatos de luzes estranhas emergindo das profundezas e rastros gigantes na água, vistos por pescadores durante a noite, mantêm a lenda viva na imaginação dos moradores.

A mulher que “vira” porco

Uma lenda local fala de uma senhora idosa que, quando desrespeitada, teria a capacidade de se transformar em um porco feroz. Um soldado, intrigado por essa história, decidiu investigar.

Ao passar pela casa da mulher, viu-a sentada, mas ignorou sua presença. Na volta, no entanto, foi confrontado por um porco agressivo, e em defesa, conseguiu feri-lo na cabeça.

No dia seguinte, ao passar pelo local novamente, o soldado ouviu gemidos vindo da casa. Lá, encontrou a idosa com um curativo na cabeça, justificando que havia sofrido uma queda. Mas para ele e para os que conheciam a lenda, o mistério continuava.

O Sr. João Branco

Por fim, a última história é a do Sr. João Branco, um homem conhecido pelo seu gosto pela bebida. Certa vez, ele afirmou a um grupo de crianças que poderia “subir o sol”.

Curiosas, as crianças incentivaram o homem, que então pegou uma Bíblia e, segundo os relatos, o sol começou a ficar vermelho e a subir no céu de maneira incomum. João adormeceu logo depois, e quando anoiteceu, foi levado para casa.

No dia seguinte, as crianças encontraram no local onde ele havia deitado uma mancha preta. A grama estava completamente queimada no formato exato de seu corpo.

A história se espalhou e muitos juram que a marca foi uma evidência de algo sobrenatural.

*Com informações do G1