O dia 27 de junho é considerado o Dia Nacional do Quadrilheiro Junino, um profissional que utiliza o meio de expressão artística cantada, dançada ou falada por tradição popular nas festas juninas do país.
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Só na capital Boa Vista, 28 grupos de quadrilha participaram do arraial Boa Vista Junina.
Por sua vez, o arraial é uma tradição nordestina comemorada no mês de junho que se espalhou por todo o Brasil.
Em Roraima, o festejo traz ao público comidas típicas, como o milho, pamonha, maçã do amor e a tradicional paçoca de carne seca.
Além da “comilança junina”, há atrações como shows e a competição de dança de quadrilhas.
Quadrilha junina pioneira
A quadrilha junina Zé Monteirão é uma das pioneiras do Boa Vista Junina.
Com mais de 30 anos de história, o grupo junino foi fundado em 1989 por José Nazareno Cavalcante Teles com alunos da escola estadual Monteiro Lobato.
A atual presidente do grupo, Lulia Oliveira, conta que foi uma das alunas descobertas por José Nazareno.
“Ele disse que eu deveria ser a noiva, e assim foram nove anos de noiva e 11 anos dançando. Até hoje, me arrepio em falar disso, é algo que me toca muito, pois faz parte da minha vida e da educação que dei aos meus filhos”, relatou.
Laura Rosa é filha de Lulia e conta que foi introduzida na quadrilha desde o seu nascimento e começou a dançar aos seis anos.
“Eu nasci no tablado do Boa Vista Junina. Minha mãe me teve em maio e em menos de um mês já estava organizando o arraial. O pessoal do grupo fala que ela saia do tablado só para me amamentar, e depois voltava para continuar os ensaios. Comecei a ir ao Boa Vista Junina com dois anos e danço desde 2014, quando tinha seis anos”, relembrou.
A quadrilheira também conta o que representa essa época de festejo junino para ela.
“É alegria, é emoção, ansiedade, tudo junto! Todas as coisas boas juntas, porque é algo que vem de família. Minha família sempre participou de tudo isso. São João para mim é a melhor época do ano”, concluiu.
Grupo junino com mais títulos
Já o grupo Explosão Caipira é um dos maiores ganhadores do Boa Vista Junina.
Com quatro títulos, o grupo foi criado em 2000 por Joel Rodrigues, que faleceu em 2020.
Uma das participantes mais antigas do grupo junino, Eliane Ventura, relembra como foi introduzida à festa junina.
“Quando criança, dançava na escola e quando adolescente, juntamente com os meus irmãos, criamos a quadrilha de bairro chamada Farroupilha, em Teresina, e eu era a noiva. Meus pais juntamente com meus tios e avós organizavam o arraial de rua, e os meus avós eram os grandes incentivadores dessa festa”, disse.
Seguindo o exemplo da tia Eliane, Kethelen Ventura começou a dançar nos tablados em 2008.
“Danço quadrilha desde criança e já tem quase 14 anos que danço quadrilha. Fui introduzida no mundo junino através do meu tio, que fundou a quadrilha Garranxê, e em seguida da minha tia, Eliane, uma das fundadoras da Explosão Caipira. Então, minha família sempre esteve no meio junino, mas meu coração é Explosão Caipira”, revelou.
Kethelen também relata que sempre foi apaixonada pelo festejo e contemplava todas as apresentações no cantinho do tablado.
O irmão dela, Johnny Ventura, dança na quadrilha Explosão Caipira há 19 anos e fala sobre a influência da família na dança.
“Eu já vim desse berço de quadrilheiro, só foi uma questão de tempo até eu ter mais idade para começar a dançar. O que mais me encanta na quadrilha é o desenvolvimento do tema ao longo da apresentação, isso engloba a roupagem, o cenário e a coreografia”, destacou.
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Luta por reconhecimento
A dançarina Eliane explica que já lutou muito para que o movimento junino ganhasse maior reconhecimento e que acha muito importante a tradição da quadrilha ser repassada às futuras gerações.
“Sou de família nordestina, cheguei aqui em Roraima na década de 80, eram poucos os grupos de quadrilhas, no início tentamos montar um grupo, mas as pessoas tinham vergonha, e mais adiante, criamos o Explosão Caipira, que está aí até hoje”, enfatizou.
Para a dançarina Lulia, a quadrilha junina representa alegria e união, pois a convivência com os participantes os torna membros de uma família.
“Não posso deixar de falar que a quadrilha representa a família, porque nós nos tornamos uma família. Muitas vezes lidamos com jovens que nunca viram a gente, mas ficamos tão próximos que para mim é como se fossem meus filhos”, finalizou.