A Justiça de Roraima aceitou a acusação do Ministério Público e passou a processar quatro indivíduos suspeitos de estar envolvidos no assassinato dos agricultores Jânio Bonfim e Flávia Guilarducci.

Os réus são: Helton John Silva e Souza, capitão da Polícia Militar e antigo segurança do governador Antonio Denarium; Caio de Medeiros Porto, empresário apontado como o autor dos disparos fatais; além de Jhonny de Almeida Rodrigues e Genivaldo Lopes Viana. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira, 28.

Segundo a acusação apresentada pelo Ministério Público, o empresário Caio Medeiros e o policial Helton John Silva de Souza teriam, de maneira deliberada e utilizando meios que dificultaram a defesa das vítimas, assassinado o casal de agricultores com disparos de arma de fogo.

No dia anterior ao crime, Jhonny de Almeida Rodrigues teria ajudado na execução do homicídio. Junto com Genivaldo Lopes Viana, ele teria adquirido as munições utilizadas no crime a pedido de Caio Porto.

Ainda conforme a acusação, Jhonny e Helton prestaram assistência a Caio Porto na fuga após o assassinato.

O juiz Breno Coutinho, da 2ª Vara do Tribunal do Júri e da Justiça Militar, considerou que existem provas suficientes para iniciar o processo penal contra os suspeitos.

O magistrado também acolheu o parecer do Ministério Público que recomendou o arquivamento da investigação contra Luiz Lucas Raposo da Silva e Deivys Jesus Mundarain Vegas, por ausência de provas de participação ou auxílio no crime.

Consequentemente, a Justiça determinou a revogação da prisão preventiva de Deivys e das medidas cautelares impostas a Luiz Lucas.

Na mesma decisão, o juiz manteve a prisão cautelar de Caio Porto e Helton John, para garantir a ordem pública, e preservou as medidas cautelares contra Jhonny e Genivaldo para assegurar o andamento da instrução criminal.

Confira abaixo a ordem de acontecimentos do caso.

Ordem cronológica do caso

  • 22 de abril – Um boletim de ocorrência foi registrado por um agricultor contra o vizinho Caio de Medeiros Porto, de 32 anos, por ameaça.
  • No dia seguinte, Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, acompanhado por Caio e outro homem chamado Johnny de Almeida Rodrigues, compraram 20 munições de uma loja especializada em Boa Vista. O recibo estava em nome de Johnny.
  • No dia 23 de abril, Jânio Bonfim de Souza e sua esposa, Flávia Guilarducci, foram baleados quando quatro homens invadiram sua casa na vicinal do Surrão, no Cantá, por volta das 10h. Nenhum dos invasores foi preso na ocasião.
  • Jânio Bonfim foi atingido no abdômen e levado ao hospital por um vizinho, que também havia sido ameaçado por Caio. Infelizmente, Jânio não sobreviveu aos ferimentos e faleceu no mesmo dia.
  • No dia seguinte ao crime, Genivaldo Lopes e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35 anos, foram presos pela Polícia Civil sob suspeita de envolvimento no assassinato de Jânio e na tentativa de homicídio de Flávia.
  • Em 25 de abril, o delegado Ronaldo Sciotti solicitou a prisão preventiva de Caio Medeiros, aguardando uma decisão judicial.
  • Em 28 de abril, cinco dias após o crime, Flávia Guilarducci faleceu no Hospital Geral de Roraima (HGR), onde estava internada em estado grave na UTI. A causa da morte foi traumatismo cranioencefálico e ferimentos por arma de fogo.
  • Em 1° de maio, as investigações apontaram o envolvimento do capitão da Polícia Militar Helton John Silva de Souza, de 48 anos, no assassinato do casal. Ele estava presente no local junto aos suspeitos no dia do homicídio.
  • No mesmo dia, um áudio gravado durante o ataque mostrou uma conversa entre o casal e os suspeitos antes do crime, seguida por seis tiros disparados em cerca de 15 segundos. A voz do capitão Helton foi identificada na gravação.
  • No dia 10 de maio, Helton John foi preso por suspeita de envolvimento no assassinato do casal
  • Em primeiro de Julho, o capitão da PM disse em depoimento que no dia do crime ligou para o comandante-geral da corporação, coronel Miramilton Goiano, e foi orientado a se desfazer do próprio celular
  • Também no dia 01/07, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou a prisão e concedeu liberdade a Genivaldo Lopes Viana, de 53 anos, e Luiz Lucas Raposo da Silva, de 35, investigados por participação no assassinato do casal de agricultores
  • Hoje, 24 de julho, é divulgado um documento do Ministério Público do Estado de Roraima que apura, com base em declarações dadas pelo capitão da PM Helton John, o possível envolvimento do coronel Miramilton Goiano e do governador Antonio Denarium no crime.

O que diz o documento do MP sobre o crime contra casal

Extrai-se que o investigado Helton John mencionou em seu interrogatório que, após os crimes de homicídio, ligou para o Comandante Geral da PMRR e lhe contou a respeito dos fatos, momento em que foi instruído a trocar de celular e aguardar as investigações. Da mesma forma, relatou que Tiago Porto, irmão do investigado Caio Porto, esteve no Palácio do Governo para conversar com o Governador do Estado, Antônio Denarium, e que a referida autoridade teria feito contato com a Delegada Geral da Polícia Civil, solicitando para o caso ser resolvido diretamente com Tiago. 

Quanto ao Exmo. Sr. Governador, o investigado narrou que houve, em tese, uma tentativa de intervir nas investigações, não tendo sido obtida qualquer outra informação a respeito. 

Confira abaixo na íntegra.

Pede ainda o documento do Ministério Público de Roraima:

Instauração de inquérito perante esse E. Tribunal de Justiça para apurar os fatos atribuídos ao Exmo. Sr. Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de Roraima, nos termos do artigo 77, inciso X, alínea “a”, c/c artigo 180, ambos da Constituição Estadual, designando-se Relator, com a posterior remessa dos autos a este Parquet.˜

Envio de cópia integral dos autos ao Exmo. Procurador-Geral da República, para que adote as providências que entender pertinentes quanto aos fatos atribuídos ao Exmo. Sr. Governador do Estado de Roraima.

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