O estado de Roraima liderou o aumento percentual de vítimas de feminicídios entre 2022 e 2023 no Brasil, segundo o Mapa da Segurança Pública de 2024.

Entre os quatorze estados que apresentaram aumento na taxa de feminicídio, Roraima se destacou por ter 100% de crescimento dos casos entre 2022 e 2023.

Confira gráfico que mostra a quantidade de feminicídios no Brasil, por UF, em 2023:

Fonte: SINESP (Dados fornecidos pelos estados e Distrito Federal)

Data de extração dos dados: 16/02/2024

Casos de feminicídios em Roraima

Inclusive, em 2021, o estado de Roraima liderou o ranking de feminicídio no Brasil.

O estado registrou a maior taxa de homicídios femininos do país, com 7,4 mortes por 100 mil mulheres. Esse valor surge em contramão a redução de 41% nos casos no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O levantamento, baseado no Atlas da Violência, utiliza dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do IBGE e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Apesar de não ter liderado o ranking nos anos de 2022 e 2023, Roraima se destacou pelo aumento de casos.

Crimes em 2024

Em janeiro de 2024, um caso chamou atenção pela violência em Bonfim (RR). Uma mulher, identificada como France Araújo Abreu, de 26 anos, foi morta a tiros pelo ex-marido, de 39 anos.

A Polícia Militar informou que a vítima tinha uma medida protetiva contra o ex-marido.

Na época, a mãe de France contou que conversava com a filha do lado de fora de casa quando o homem chegou em uma moto vermelha. Ele desceu, declarou que “havia chegado o dia da ex-mulher” e atirou duas vezes.

Os disparos atingiram o braço e o tórax de France, que, então, morreu no local. Em seguida, ele fugiu.

Já em abril de 2024, um homem assassinou a ex-companheira com um terçado. O Tribunal do Júri condenou Beliny Crispim da Silva por feminicídio, motivo torpe, agindo por meio cruel e utilizando emboscada.

Inconformado com o término de um relacionamento de sete meses com Lusveida, Beliny a atacou por ciúmes enquanto ela voltava para casa no bairro Araceli, na capital. O homem a matou com golpes de terçado. Com a sua morte, seus dois filhos ficaram órfãos.

O promotor Joaquim Eduardo dos Santos destacou a gravidade do caso e a necessidade de combater o feminicídio. Ele ressaltou que, no Brasil, uma mulher é morta a cada seis horas. Além disso, acrescentou que Roraima registra uma das maiores taxas proporcionais do país.

Feminicídios em 2023: 140 mortes por dia mundialmente

Em 2023, parceiros íntimos ou familiares mataram intencionalmente cerca de 51 mil mulheres e meninas, representando, portanto, 60% das 85 mil vítimas globais. Os dados são do relatório da ONU Mulheres e do UNODC.

Esses números mostram que assassinos tiraram a vida de 140 mulheres por dia, significando uma morte a cada 10 minutos.

O estudo identificou o continente africano como líder nas taxas de feminicídios cometidos por parceiros íntimos ou familiares, seguido pelas Américas e Oceania. Na Europa e nas Américas, parceiros íntimos foram os principais autores desses crimes, enquanto, em outras regiões, familiares lideraram as agressões fatais.

Além disso, o relatório destacou que mais de 5% dos homicídios femininos em 2023 se enquadram em outras formas de feminicídio, reforçando que a violência de gênero continua sendo uma questão global alarmante. Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas com intervenções eficazes.