Os casos de malária em Roraima se concentram em cinco municípios do estado: Amajari, Alto Alegre, Iracema, Caracarai e Mucajaí, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde (MS), nesta sexta-feira, 26.
Neste sentido, a preocupação do Governo Federal é com a propagação da doença na Terra Yanomami.
Segundo o responsável do governo estadual pelo combate à malária em Roraima, Gerson Castro, antes de 2023 não havia notificação de malária na região.
“Agora, os profissionais estão trabalhando dentro do território. Não é que cresceu o número de casos, mas são as equipes fazendo seu trabalho no território”, afirmou
Conforme o Castro, houve melhora no atendimento aos Yanomami, no território.
“Temos uma melhora na integração da atenção básica e os DSEIs. Antes, tínhamos muita dificuldade. Estamos caminhando no sentido progressivo, houve uma aproximação”, disse.
Governo qualifica profissionais para administrar tratamento contra a malária em Roraima
O Ministério da Saúde já capacitou 230 profissionais para administrar o medicamento tafenoquina no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami.
De acordo com a pasta, o território foi o primeiro do país a receber a tecnologia, com uma remessa inicial de 4 mil esquemas de tratamento da malária e já foi utilizado em 21 pacientes.
A vantagem, segundo o Governo, é que, enquanto o medicamento mais antigo precisa ser administrado ao longo de 14 dias, a tafenoquina deve ser tomada uma única vez, contribuindo para a diminuição das chances de recaída.
Portanto, o tratamento aumenta a adesão dos pacientes e é o novo aliado do Brasil na busca pela eliminação da malária.
“A tafenoquina vai nos ajudar bastante. Ela significa maior eficiência no tratamento, com menos abandono. Depois do terceiro dia é muito difícil o indígena tomar o medicamento. Eles param e não estão totalmente curados”, explica o médico sanitarista Oneron de Abreu Pithan, que atua no controle da malária no DSEI Yanomami.
A previsão do Ministério da Saúde é que os casos de malária na Terra Yanomami (TI) comecem a cair já a partir do segundo semestre deste ano.
De acordo com Oneron, o número de casos registrados em 2023 foi reflexo do aumento do diagnóstico. Segundo ele, houve uma subnotificação de 5 mil casos entre 2019 e 2022.
“A malária é uma doença infecto parasitária. A presença do homem infectado, infecta o mosquito, que infecta outras pessoas. Não existiam vetores contaminados como agora”, salienta.
Garimpo na Terra Yanomami
O médico sanitarista Oneron de Abreu Pithan afirma que a presença de garimpeiros impactou duramente a disseminação da doença.
Além disso, falhas no controle entre 2019 e 2022 prejudicaram a conjuntura.
Neste período, os casos só foram notificados quando o paciente estava em estado grave e já havia transmitido a doença em seu ambiente.
“Foi um impacto sanitário muito forte. Houve regiões que há três anos estavam sem nenhum tipo de controle, de assistência. Nesses primeiros momentos a expectativa é que se notifique mais casos, mas a tendência é que ocorra melhora nos níveis de transmissão a partir do segundo semestre”, observa e emenda: “nesse período a lacuna foi muito grande, houve a permissão da entrada do garimpo. O garimpo ocupou o espaço que o Estado deveria ocupar”, disse.
O território Yanomami tem a maior demanda de malária do país, conforme o MS.
Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, 54% da malária indígena vem da região e 75% dos casos mais graves ocorrem no povo Yanomami.
Fonte: Ministério da Saúde