Nos últimos anos, a incidência de câncer de boca tem aumentado significativamente entre adultos com menos de 45 anos. Se nas décadas de 1970 e 1980 o crescimento variava entre 3% e 5%, atualmente esse número chega a 10%.

As causas deste aumento ainda são desconhecidas, já que muitos dos pacientes afetados não apresentam os fatores de risco habituais, como o consumo de tabaco e álcool.

Há suspeitas de que o ambiente bacteriano possa estar relacionado ao aumento da doença nessa faixa etária. “A microbiota tem um papel importante não só no câncer, mas também na resposta imunológica do paciente”, afirma Daniel Herchenhorn, oncologista da Oncologia D’Or.

Câncer bucal

Estudos indicam que indivíduos com doenças periodontais crônicas têm de duas a cinco vezes mais risco de desenvolver câncer bucal.

Uma pesquisa chinesa investigou 50 indivíduos com essa forma de câncer, utilizando o sequenciamento 16S rDNA em tumores e tecidos saudáveis da boca.

Os resultados mostraram que a riqueza e a diversidade de bactérias eram significativamente maiores nos locais dos tumores em comparação aos tecidos saudáveis.

Sem considerar o câncer de pele não melanoma, o câncer de boca é o quinto mais comum entre os homens, com 11 mil novos casos por ano.

O tabagismo é o principal fator de risco, seguido pela infecção por Papilomavírus Humano (HPV). Em casos raros, o uso de dentaduras mal adaptadas também pode causar a doença.

Apesar de conterem menos substâncias cancerígenas que os cigarros tradicionais, os cigarros eletrônicos não são considerados seguros pelos especialistas.

“Estudos in vitro demonstraram que os cigarros eletrônicos podem induzir danos ao DNA, estresse oxidativo e genotoxicidade nas células orais”, alerta Daniel Herchenhorn.

Pesquisas escocesas mostram que o uso de cigarros eletrônicos está associado à boca seca, irritação, dor, úlceras orais, inflamação, doença periodontal e alterações no microbioma oral.

Uma nova vacina contra o HIV tem mostrado eficácia na produção de anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar o vírus, oferecendo uma esperança no combate à doença.


Sintomas e Tratamento do Câncer de Boca

Os sintomas mais comuns do câncer de boca incluem pequenas feridas que aparecem nos lábios, na parte interna das bochechas, na língua e no assoalho da boca, que não cicatrizam.

Segundo o rádio-oncologista Felipe Erlich, essas lesões precursoras se manifestam como manchas brancas ou avermelhadas, frequentemente confundidas com aftas. “As aftas cicatrizam em uma semana”, explica o médico.

Se uma ferida não cicatrizar em duas semanas, é recomendável procurar um cirurgião-dentista, estomatologista ou médico.

“Cerca de 80% dos casos de câncer de boca em estágios iniciais podem ser curados”, afirma Erlich. O tratamento envolve cirurgia seguida de radioterapia. Nos casos avançados, quimioterapia é adicionada a esses procedimentos.

Para prevenir o câncer de boca, é fundamental não fumar, inclusive cigarros eletrônicos, evitar o consumo excessivo de álcool, manter boa higiene bucal, seguir uma dieta equilibrada e consultar um cirurgião-dentista periodicamente.