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Obesidade infantojuvenil: doença deve aumentar até 2044; confira

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No diagnóstico de obesidade infantojuvenil, o pediatra deve considerar o IMC e exames adicionais sobre a composição corporal - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

Uma pesquisa apresentada no Congresso Nacional sobre Obesidade (ICO) revela que a obesidade infantil e juvenil no Brasil tende a aumentar nas próximas duas décadas.

O estudo projeta que, até 2044, 24% das crianças de 5 a 9 anos estarão obesas. Entre os adolescentes de 10 a 14 anos, a taxa será de 15%, e para os jovens de 15 a 19 anos, 12%.

A análise é conduzida pelos médicos Ana Carolina Rocha de Oliveira, do Instituto Desiderata, e Eduardo Nilson, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo baseia-se na elevação média do índice de massa corporal (IMC) observado em amostras brasileiras de 1985 a 2019.

A endocrinologista Maria Edna de Melo, chefe da Liga de Obesidade Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirma que a obesidade resulta de múltiplos fatores. Entre eles estão:

A especialista também aponta uma transformação no ambiente alimentar desde a década de 1970. Anteriormente, o foco era a desnutrição, agora a preocupação é com o excesso de peso, impulsionado pela presença de alimentos ultraprocessados e publicidade voltada para crianças.

“Você não vê publicidade infantil de alimentos sobre maçã, sobre banana, sobre brócolis. Você tem o creme de avelã, o chocolate, as bolachas, os refrigerantes com aquela cara de criancinha”, pontua.

Uma pesquisa publicada pela Federação Mundial de Obesidade neste ano prevê que, em uma década, a obesidade atingirá 41% da população brasileira.

Expectativa de vida

De acordo com a endocrinologista, a obesidade tem um impacto progressivamente mais grave com o tempo: uma criança obesa tem probabilidade maior de se tornar um adolescente e, posteriormente, um adulto obeso.

A médica destaca um estudo apresentado no Congresso Europeu de Obesidade deste ano, que projeta uma expectativa de vida de apenas 39 anos para crianças de 4 anos com obesidade grave.

“Se a gente não faz uma intervenção, controla o peso e leva à melhora do estado nutricional, a gente está deixando que essa criança ou esse adolescente viva menos”, destaca.

Além disso, na vida adulta, a obesidade pode elevar o risco de morte súbita.

Diagnóstico precoce

Atualmente, crianças e adolescentes são diagnosticados e tratados para sobrepeso com maior antecedência em comparação com o passado, quando muitos adultos só buscavam ajuda quando já enfrentavam problemas significativos com o peso.

O cenário mudou, como observa a endocrinologista Lívia Lugarinho, coordenadora do Serviço de Obesidade, Transtornos Alimentares e Metabologia (SOTAM) do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE) do Rio de Janeiro.

“Hoje, a gente não vê mais esses adultos de 18 anos chegarem com um peso tão excessivo quanto antes. Isso porque eles vêm do ambulatório de endocrinopediatria, onde foram diagnosticados precocemente, seja através de campanhas de maternidades ou da conscientização de neonatologistas para uma avaliação, um tratamento precoce”, afirma.

No diagnóstico de obesidade infantojuvenil, o pediatra deve considerar o Índice de Massa Corporal (IMC) e exames adicionais sobre a composição corporal.

Tratamento em meio ao estigma

No ano passado, a Academia Americana de Pediatria (AAP) lançou novas diretrizes para o tratamento da obesidade infantil e adolescente.

Pela primeira vez, a recomendação inclui o uso de medicamentos para crianças acima de 12 anos e sugere a avaliação para cirurgia metabólica e bariátrica em casos severos a partir dos 13 anos.

“Esta é uma questão complexa, mas há várias maneiras de tomarmos medidas para intervir agora e ajudar crianças e adolescentes a construir a base para uma vida longa e saudável”, disse a presidente do Subcomitê de Diretrizes de Prática Clínica sobre Obesidade da AAP, Sarah Hampl.

Após o lançamento das diretrizes, surgiram críticas que alegam que a medicação e a cirurgia poderiam desviar o foco da promoção de hábitos saudáveis. Lívia Lugarinho observa que o estigma associado ao uso de medicamentos para obesidade é forte, especialmente em crianças.

“Existe um preconceito. ‘Nossa, mas você vai dar remédio para emagrecer para uma criança?’ Mas a gente não se preocupa com as consequências que esse excesso de peso vai trazer na vida adulta”, argumenta.

Enquanto alguns pais hesitam em administrar os medicamentos prescritos, os filhos enfrentam preconceito na escola. “Já foi documentado em estudo que essas crianças sofrem mais até mesmo do que aquelas com câncer”, explica.

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*Com informações da revista Galileu

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