A vacinação contra a mpox, doença anteriormente conhecida como “varíola dos macacos”, não requer uma abordagem de imunização em massa, mesmo com a declaração de emergência sanitária global.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que se aplique a vacina apenas a pessoas em situações de risco, como aquelas que estiveram em contato próximo com indivíduos infectados ou que pertencem a grupos vulneráveis.

No Brasil, onde o risco atual é baixo, o governo iniciou a campanha de vacinação em março de 2023. A primeira fase focou em pessoas com as seguintes condições:

  • Pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA);
  • Profissionais de laboratórios expostos ao vírus; e
  • Indivíduos com contato direto com fluidos corporais de suspeitos.

Até o final de junho de 2023, o Ministério da Saúde aplicou apenas 29.165 das 49 mil doses disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI), de acordo com os dados disponíveis.

A pasta avaliará e comunicará qualquer necessidade de ajuste na estratégia de vacinação conforme surgirem novas evidências.

Em 2024, o Brasil registrou 709 casos de mpox e 16 óbitos, sendo o mais recente em abril de 2023.

Quais vacinas estão disponíveis?

No mundo, três vacinas contra a mpox estão disponíveis. O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS recomenda duas delas, que também receberam aprovação de autoridades reguladoras nacionais.

As vacinas são as seguintes:

  • ACAM2000, produzida pela Sanofi Pasteur.
  • Jynneos (ou Imvamune/Imvanex), desenvolvida pela Bavarian Nordic.

No Brasil, a vacina autorizada é a Jynneos/Imvanex, com uma dispensa de registro concedida pelo Ministério da Saúde.

Nos Estados Unidos, profissionais administram a ACAM2000 em dose única por via percutânea e a aprovam para uso em pessoas com 18 anos ou mais que apresentem alto risco de infecção por varíola. No entanto, não há estudos recentes sobre a eficácia da ACAM2000 contra o vírus da mpox.

A vacina Jynneos, que utiliza um vírus vivo atenuado, demonstrou, em estudos clínicos, uma eficácia de 85% na prevenção da doença.

Como é a vacinação contra mpox no Brasil?

A OMS direciona a vacinação contra a mpox no Brasil para grupos específicos. Inicialmente, a campanha focou em:

  • Pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA); e
  • Profissionais de laboratório que lidam diretamente com Orthopoxvírus, o grupo viral ao qual pertence o vírus da mpox.

Além disso, a vacina pós-exposição era destinada a indivíduos que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas ou confirmadas com mpox, cuja exposição foi classificada como de alto ou médio risco.

Desde junho do ano passado, uma atualização técnica expandiu a vacinação para incluir usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).

Agora, quando a rede estadual ou municipal tem vacinas disponíveis e não as utiliza para PVHA, pode administrá-las a pacientes que utilizam a PrEP, uma importante medida preventiva contra o HIV.

Público-alvo da vacinação

A vacinação contra a mpox deve focar grupos específicos devido à limitação na disponibilidade de vacinas. As doses são prioritárias para regiões com alta transmissão, como algumas áreas da África.

A farmacêutica Bavarian Nordic informou que concentrará o envio de vacinas principalmente em países africanos com surtos graves, como a República Democrática do Congo (RDC).

Atualmente, há cerca de 300.000 doses prontas para envio imediato, com planos para entregar 2 milhões de doses até o final deste ano e mais 8 milhões até o final de 2025.

Historicamente, a mpox afetou predominantemente homens que fazem sexo com homens (HSH), segundo evidenciado pelo surto de 2022, que teve uma transmissão majoritária entre homens gays. Na época, a vacinação foi recomendada principalmente para esses grupos.

Estratégia de vacinação contra a mpox

Em entrevista, especialistas apontaram que a prioridade atual deve ser o envio imediato de vacinas para a África Central, onde a mpox se espalha rapidamente. No entanto, a chegada das vacinas pode ser atrasada devido à escassez e à falta de recursos.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que, apesar da necessidade de atenção à mpox no Brasil, não há motivo para alarme, mesmo após a declaração de emergência global pela OMS. Ela afirmou que o governo está preparado para atuar, com ênfase em vigilância, testes, diagnósticos e uso das vacinas existentes. Um comitê de emergência também foi criado para coordenar as ações.

“Neste momento, em que a OMS decreta emergência sanitária global por mpox, acredito ser de extrema importância o retorno da vacinação para casos específicos e para quem, de alguma maneira, teve contato com pessoas contaminadas, principalmente profissionais de saúde, que possam a vir a cuidar estes pacientes”, orienta o patologista clínico e Diretor Médico do Richet Medicina & Diagnóstico, Helio Magarinos Torres Filho.

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*Com informações do G1