A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou na última quinta-feira (15) que o Brasil está em nível 1 de emergência para a mpox. O anúncio foi feito durante a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE), que coordenará as ações contra a doença.
No momento, não há registro da nova variante do vírus, chamada 1B, no país. Esta cepa, que apresenta maior potencial para causar quadros clínicos graves e é mais transmissível, gerou preocupação global.
Ademais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta semana, a mpox como uma emergência de saúde global devido ao recente surto na África.
Ações de vigilância
Para reforçar o combate à doença, o COE-Mpox aumentará as atividades de vigilância e controle em todo o território nacional. A equipe ficará responsável pelo monitoramento da situação epidemiológica do vírus, pela coordenação das respostas, bem como pela orientação a viajantes.
O órgão está em negociação com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para a compra emergencial de 25 mil doses de vacinas. A imunização será voltada para pessoas que vivem com HIV/AIDS e profissionais de laboratório.
Atualmente, a ministra afirmou que não há casos da variante 1B no país. Desde a declaração de emergência internacional em 2022, apenas casos da cepa 2 foram registrados.
O que é a Mpox?
A Mpox ou “varíola dos macacos” como é popularmente conhecida, é uma doença viral, e a transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato com lesões de pele de pessoas infectadas.
A infecção causa erupções que geralmente se desenvolvem pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo.
Transmissão
A mpox é transmitida através de contato físico, como beijos, abraços e relações sexuais, com secreções respiratórias, feridas ou bolhas de uma pessoa infectada. Além disso, a transmissão também pode ocorrer pelo compartilhamento de objetos recentemente contaminados com fluidos ou materiais das lesões.
Sintomas
Os principais sintomas envolvem:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Dores musculares;
- Dores nas costas;
- Linfadenopatia;
- Calafrios; e
- Fadiga.
Tratamento da Mpox
Não existe um tratamento específico para a infecção pelo vírus da mpox. Portanto, o atendimento médico foca no alívio dos sintomas e, além disso, na prevenção de complicações a longo prazo.
Perfil
Conforme um relatório da OMS, 96,4% dos casos confirmados de mpox são do sexo masculino, com idade média de 34 anos.
“A distribuição de casos por idade e sexo permanece estável ao longo do tempo, especialmente fora da região africana, onde homens com idade entre 18 e 44 anos continuam a ser desproporcionalmente afetados pelo surto e representam 79,4% dos casos notificados”, afirmou a entidade.
Entre os casos com dados de idade, 1,3% são menores de 17 anos e 0,4% têm menos de 4 anos. A maior parte desses casos foi registrada nas Américas.
Contudo, nos países mais afetados pela mpox, como a República Democrática do Congo, crianças com menos de 15 anos constituem a maior parte dos casos registrados.
Quais vacinas estão disponíveis?
No mundo, três vacinas contra a mpox estão disponíveis. O Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS recomenda duas delas, que também receberam aprovação de autoridades reguladoras nacionais.
As vacinas são as seguintes:
- ACAM2000, produzida pela Sanofi Pasteur.
- Jynneos (ou Imvamune/Imvanex), desenvolvida pela Bavarian Nordic.
No Brasil, a vacina autorizada é a Jynneos/Imvanex, com uma dispensa de registro concedida pelo Ministério da Saúde.
Nos Estados Unidos, profissionais administram a ACAM2000 em dose única por via percutânea e a aprovam para uso em pessoas com 18 anos ou mais que apresentem alto risco de infecção por varíola. No entanto, não há estudos recentes sobre a eficácia da ACAM2000 contra o vírus da mpox.
A vacina Jynneos, que utiliza um vírus vivo atenuado, demonstrou, em estudos clínicos, uma eficácia de 85% na prevenção da doença.
Como é a vacinação contra mpox no Brasil?
A OMS direciona a vacinação contra a mpox no Brasil para grupos específicos. Inicialmente, a campanha focou em:
- Pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA); e
- Profissionais de laboratório que lidam diretamente com Orthopoxvírus, o grupo viral ao qual pertence o vírus da mpox.
Além disso, a vacina pós-exposição era destinada a indivíduos que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas ou confirmadas com mpox, cuja exposição foi classificada como de alto ou médio risco.
Desde junho do ano passado, uma atualização técnica expandiu a vacinação para incluir usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).
Agora, quando a rede estadual ou municipal tem vacinas disponíveis e não as utiliza para PVHA, pode administrá-las a pacientes que utilizam a PrEP. Dessa forma, esta é uma importante medida preventiva contra o HIV.
Mudança de nome
A OMS atualizou a nomenclatura da doença e substituiu o termo “varíola dos macacos” por mpox.
Em maio de 2022, a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr) destacou que, na realidade, o surto da doença em humanos não envolveu macacos na transmissão. Por fim, a SBPr enfatizou que todas as transmissões registradas foram de pessoa para pessoa.
Apesar do nome “varíola dos macacos”, não há participação dos animais na transmissão para humanos. De fato, mudança para o termo mpox ocorreu após a população de algumas regiões do Brasil começar a associar a doença aos macacos, o que, consequentemente, levou a agressões e mortes desses animais.
A OMS, após consultar especialistas, países e o público, decidiu adotar a nomenclatura mpox para evitar confusões e proteger os animais.
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