Maguila, um dos maiores nomes do boxe brasileiro, faleceu na última quinta-feira (24) em decorrência de complicações da encefalopatia traumática crônica (ETC). A doença, frequentemente associada a esportes de contato, afetou gravemente sua saúde.
José Adilson, nome de batismo, teve o ápice da carreira nas décadas de 80 e 90, onde venceu mais de 70 lutas, considerando mais de 80 embates. Após consolidar sua carreira, deixou o ringue nos anos 2000.
Encefalopatia traumática crônica
A encefalopatia traumática crônica (ETC) é uma doença neurodegenerativa. Ela é causada por repetidos impactos na cabeça. Geralmente, está associada a esportes de contato intenso, como boxe, futebol americano e rugby.
Também conhecida como “demência do pugilista,” essa condição causa alterações cognitivas, perda de memória, tremores semelhantes aos do Parkinson, dificuldades de coordenação e problemas na fala.
A medicina identificou pela primeira vez a doença em pugilistas na década de 1920. Desde então, médicos diagnosticaram a encefalopatia traumática crônica em esportistas renomados, como os brasileiros Maguila e Éder Jofre.
Além disso, Muhammad Ali também sofria com ETC e faleceu em 2016 após desenvolver sintomas parkinsonianos.
A doença, entretanto, não se limita aos boxeadores, sendo também prevalente entre atletas de outras modalidades com alta incidência de traumas cranianos. Até o momento, não há tratamento específico para a ETC.
Os médicos recomendam cuidados para reduzir os impactos dos sintomas e medidas preventivas que minimizem o risco de desenvolvimento da doença.
A trajetória de Maguila
O peso-pesado Maguila deu início à sua carreira no boxe com o apoio do narrador e empresário Luciano do Valle, que o conectou ao treinador Angelo Dundee, conhecido por trabalhar com lendas do boxe como Muhammad Ali e George Foreman.
Nos primeiros anos, Maguila obteve destaque ao vencer 14 lutas consecutivas entre 1983 e 1985. O boxeador manteve-se invicto e conquistou o Campeonato Sul-Americano dos Pesos-Pesados.
Apesar das críticas sobre a qualidade dos adversários e sua técnica, ele alcançou a melhor posição entre os brasileiros no ranking da categoria.
Em 1989, após romper com a empresa de Luciano do Valle, Maguila enfrentou Evander Holyfield e George Foreman, ícones do boxe mundial, porém foi derrotado por nocaute em ambas as lutas. Em 1995, consagrou-se campeão da Federação Mundial de Boxe (FMB) ao vencer o britânico Johnny Nelson.
Maguila encerrou a carreira em 2000 e acumulava um histórico de 85 lutas, com 77 vitórias, um empate e apenas sete derrotas. Fora dos ringues, Maguila trabalhou como comentarista e participou de programas televisivos, como o “Show do Tom”, da Record TV.
Por fim, ele também lançou um CD de samba, “Vida de Campeão”, e, em 2010, concorreu a deputado federal pelo PEN, mas não se elegeu