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Vacina de gotinha: entenda porque ela passará a ser de injeção

Gotinha da poliomielite será substituída por vacina injetável em 4 de novembro no DF. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Gotinha da poliomielite será substituída por vacina injetável em 4 de novembro no DF. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A vacina de gotinha para poliomielite, conhecida por sua simplicidade de administração e eficácia na imunização em massa, está passando por uma mudança importante no Brasil.

O Ministério da Saúde anunciou a substituição das duas doses de reforço da vacina oral poliomielite bivalente (VOPb) pela vacina inativada poliomielite (VIP), que será administrada por injeção.

A medida, que começou a vigorar oficialmente hoje, visa modernizar e adaptar o Programa Nacional de Imunizações (PNI) a novas evidências científicas, aumentando a segurança e a eficácia na proteção contra a poliomielite.

Por que a substituição da vacina de gotinha?

A vacina de gotinha tem sido fundamental no combate à poliomielite desde a década de 1970, ajudando o Brasil a erradicar a doença em 1989.

Desenvolvida por Albert Sabin, essa vacina utiliza um vírus atenuado, que, embora seja eficaz em criar imunidade no intestino, pode em casos raros sofrer mutações e desencadear a poliomielite por vírus derivado da vacina (VDPV).

Em razão disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que os países que podem substituir a vacina oral pela versão injetável o façam. Essa substituição visa eliminar o risco de mutação do vírus vacinal e possíveis surtos causados por ele.

Com o avanço na erradicação global do poliovírus selvagem, que hoje está restrito a apenas dois países (Afeganistão e Paquistão), e com o controle das infecções no Brasil, as autoridades de saúde consideram que o país está pronto para seguir a recomendação da OMS e adotar a vacina inativada injetável.

A vacina de gotinha, nesse novo contexto, deixa de ser a escolha mais segura, pois o vírus atenuado pode gerar um risco mínimo de mutação, embora tenha sido altamente eficaz em períodos de maior circulação do vírus selvagem.

Novo calendário de vacinação

Com a mudança, o esquema vacinal para poliomielite no Brasil agora é inteiramente injetável. A nova estrutura do calendário vacinal ficou assim:

Ao optar por um esquema vacinal com a vacina injetável, o Brasil se alinha a outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, que já utilizam exclusivamente a versão injetável para garantir maior controle e segurança na imunização.

A vacina de gotinha e seus benefícios históricos

A vacina de gotinha desempenhou um papel crucial em erradicar a poliomielite em muitos países, principalmente devido à sua facilidade de aplicação e ao baixo custo, tornando possível grandes campanhas de vacinação em massa.

Ela ofereceu uma proteção indireta para a população, pois o vírus vacinal era eliminado pelas fezes e circulava no ambiente, promovendo imunidade coletiva.

No entanto, em casos raros, essa eliminação do vírus pode levar a mutações, como mencionado anteriormente, o que representa um risco mínimo, mas presente.

Vantagens da vacina injetável

A vacina inativada poliomielite (VIP) não utiliza o vírus vivo, o que elimina o risco de poliomielite associada ao vírus vacinal.

Além disso, o imunizante injetável oferece uma proteção segura e eficaz, sendo amplamente reconhecido como uma ferramenta eficaz para manter o controle da doença, sem o risco de reintrodução do vírus por meio de mutações.

Outra vantagem importante é a redução de efeitos adversos. Enquanto a vacina de gotinha poderia causar leves sintomas intestinais, como diarreia, a versão injetável tende a provocar apenas uma leve dor ou vermelhidão no local da aplicação.

A importância de continuar vacinando

Embora a poliomielite esteja controlada, o vírus ainda existe em algumas partes do mundo e pode ser reintroduzido no Brasil caso a cobertura vacinal caia.

Por isso, manter as crianças protegidas com o esquema vacinal atualizado é crucial para evitar que o vírus volte a circular e cause novos casos de paralisia infantil.

As autoridades de saúde reiteram que o personagem Zé Gotinha, símbolo das campanhas de vacinação no Brasil, continuará atuando em prol da vacinação e do Sistema Único de Saúde (SUS), incentivando a população a seguir protegida contra doenças.

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