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Transplante de células de gordura reprogramadas reverte diabetes pela 1ª vez; confira

células gordura diabetes-capa

O estudo segue agora para sua segunda fase - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Pesquisadores liderados pelo biólogo celular Deng Hongkui, da Universidade de Pequim, anunciaram a reversão do diabetes tipo 1 em uma mulher chinesa de 25 anos após um transplante de ilhotas pancreáticas criadas com suas próprias células de gordura.

A revista científica Cell publicou o estudo no dia 31 de outubro. Ademais, em agosto deste ano, o presidente Lula inaugurou uma fábrica de remédios para diabetes e obesidade.

O procedimento

Os cientistas coletaram células de gordura da paciente com diabetes e, posteriormente, reprogramaram-nas para um estado pluripotente, no qual as células podem se transformar em diferentes tipos de tecidos.

Com uma abordagem inovadora, os especialistas trataram as células com pequenas moléculas químicas, em vez de proteínas, para induzir a reprogramação.

O objetivo, portanto, era criar um “novo pâncreas” para a paciente, formando ilhotas pancreáticas capazes de produzir insulina, hormônio cuja produção é comprometida no diabetes tipo 1.

O transplante foi, inicialmente, precedido por testes em animais, como macacos e ratos, e realizado em junho de 2023, com a introdução de 1,5 milhão de ilhotas nos músculos abdominais da paciente, um local novo para esse tipo de procedimento.

Diferente das técnicas anteriores, que realizavam o transplante no fígado, a escolha do abdômen permitiu, assim, um monitoramento mais eficaz do enxerto por meio de ressonâncias magnéticas. Caso fosse necessário, os profissionais poderiam, então, remover as ilhotas.

Resultados promissores do transplante

Dois meses e meio após o transplante, a paciente não necessitava mais de insulina. Após mais de um ano, ela segue sem a medicação. Em entrevista à Nature, a paciente, que optou por não ser identificada, comemorou: “Eu posso comer açúcar agora. Gosto de comer de tudo, especialmente ensopados”.

Além dela, outros dois pacientes passaram pelo mesmo procedimento e continuam sendo monitorados. Embora o caso ainda não seja considerado uma cura definitiva, os resultados são promissores.

A paciente em questão estava sob medicação imunossupressora devido a um transplante anterior de fígado, o que pode ter facilitado a aceitação do enxerto.

Possíveis desafios

Apesar dos avanços, os cientistas não descartam a possibilidade de que o corpo da paciente possa eventualmente rejeitar as novas ilhotas. O time de Hongkui já investiga formas de desenvolver ilhotas que possam evitar a resposta autoimune do organismo.

A comunidade científica celebrou o progresso, com destaque para James Shapiro, cirurgião de transplante da Universidade de Alberta, no Canadá. “Eles reverteram completamente o diabetes da paciente, que antes precisava de grandes quantidades de insulina”, afirmou.

Por fim, o estudo segue agora para sua segunda fase, com a inclusão de outros 20 pacientes, e a primeira paciente só será considerada curada após um acompanhamento de cinco anos

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