Uma fábrica de suplementes foi interditada pela Polícia Civil em Jundiaí, no interior de São Paulo, após clientes relatarem a presença de larvas dentro das creatinas. De acordo com a polícia, o local produzia suplementos alimentares para a Soldiers Nutrition, empresa de Yuri Silveira de Abreu e Fabiula de Arruda Freire, conhecidos como os “reis da creatina” no Brasil.
Durante a operação, foram encontrados problemas graves de higiene, com a presença de larvas e outros contaminantes nos produtos, incluindo a creatina, um dos suplementos mais populares da marca. A ação revelou que a unidade estava operando sem a devida licença sanitária e não oferecia as condições mínimas de segurança alimentar exigidas por lei.
O local apresentava condições precárias, com suplementos empedrados e visivelmente danificados. Um lote de creatina, por exemplo, estava tão compactado que não podia ser quebrado, nem mesmo com martelos.
Investigações indicam ainda que parte da produção da Soldiers pode ter origem chinesa, o que levanta suspeitas sobre a qualidade dos itens, algo que a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri) já havia alertado em casos semelhantes. A associação aponta que a origem duvidosa pode estar ligada a uma maior chance de adulteração ou baixa qualidade.
Além disso, consumidores relataram a presença de larvas e fios semelhantes a teias de aranha em embalagens de suplementos, incluindo o Whey Protein. Outros itens, como plásticos e fragmentos de borracha, também foram encontrados em produtos da marca.
Investigações por suspeitas de fraude
A fábrica interditada não foi o único foco da operação. A sede da Soldiers Nutrition já havia sido alvo de uma busca e apreensão em outubro, quando foram encontrados produtos impróprios para consumo e outras irregularidades sanitárias.
Paralelamente, investigações estão em andamento para apurar denúncias de fraudes fiscais e lavagem de dinheiro, tendo em vista o faturamento elevado da empresa, que atingiu R$ 150 milhões em 2023 e tem projeções de R$ 250 milhões para 2024.
De acordo com um estudo da Abenutri, que analisou 88 marcas de creatina no Brasil, cerca de 20% não passaram nos testes de qualidade. A creatina da Soldiers foi aprovada nos testes, mas a associação alertou sobre práticas como a adulteração do suplemento com amido, o que pode comprometer sua eficácia.
Defesa da Soldiers Nutrition
Em resposta às investigações, a Soldiers Nutrition emitiu uma nota afirmando que as acusações são infundadas e que os produtos apreendidos não haviam sido comercializados.
A empresa também alegou que a operação prejudicou indevidamente seus negócios e a reputação de seus envolvidos, destacando que as alegações ainda não foram confirmadas por perícia oficial.
Apesar da polêmica, a creatina permanece um dos suplementos mais consumidos no Brasil, e casos como esse reforçam a importância de fiscalizações rigorosas para garantir a qualidade e a segurança dos produtos disponíveis no mercado.
Com informações do Portal g1.