Com a possibilidade de desabastecimento no Amazonas, empresários e operadores de portos se reuniram, nesta segunda-feira (16), na sede da Fecomércio do Amazonas.
A reunião ocorre na mesma data em que o Rio Negro atinge 13,59 metros, ultrapassando a vazante de 2010 e ocupando o lugar da seca mais severa no estado.
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Afim de contornar o desabastecimento, os integrantes da reunião propuseram a dragagem da foz do Rio Madeira, além de retornarem à pauta da BR-319.
Outro ponto bastante comentado durante a reunião foi o iminente aumento dos fretes que, consequentemente, impactam no valor final dos produtos.
A previsão é que o Amazonas passe por um fim de ano “muito difícil”, segundo o presidente da Fecomércio-AM, Aderson Frota.
“O que nos preocupa não é defender a economia, mas, acima de tudo, o olhar para o povo que é o mais prejudicado, principalmente no interior do Amazonas. A Fecomércio está preocupada com os efeitos que vão atingir a população mais carente neste momento”, ressaltou Frota.
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Previsão para o Natal
Datas importantes para o comércio, como a Black Friday e o Natal, devem ser afetadas pela seca histórica de 2023.
No ano passado, a expectativa era que 69% do público no Amazonas aderisse à Black Friday e 92% às compras do Natal.
Segundo o presidente da Fecomércio-AM, as mercadorias de fim de ano devem enfrentar o “alongamento da chegada da mercadoria” e o encarecimento do frete.
Ainda segundo o representante, as dificuldades apontadas caminham para o “desabastecimento da população”.
“Tudo que se tem de custo se repassa para os preços das mercadorias. Não é nenhum mistério, não é nenhuma coisa desconhecida. (…) E nós vamos ter, pelos prognósticos, pelo o que nós estamos vendo aí, um final de ano muito difícil. Um final de ano, onde temos o Natal, que é o ponto máximo do nosso calendário comercial”, explicou
Encarecimento do frete
O presidente Anderson disse que, segundo o que foi comentado em reunião, o estado terá, no mínimo, entre 30% a 50% de aumento do custo dos fretes.
O encarecimento acontece, principalmente, pelo aumento dos custos aplicados nas operações de entrega.
Há cerca de 3 semanas os navios de carga vêm enfrentado dificuldades para abastecer o Amazonas por conta da seca dos rios.
Até o momento, a situação foi administrada com rearranjos de produção que vêm evitando a paralisação completa das linhas.
Uma alternativa adotada é o transporte de cargas por balsas entre Manaus e o porto Vila do Conde, no município de Barcarena, no Pará, onde os navios vêm transferindo a carga.
As ações alternativas resultam em custo maior de transporte, dadas as despesas adicionais com a armazenagem dos materiais por mais tempo nos portos e as transferências imprevistas de contêineres.
Navegação
Segundo o diretor-executivo geral do Grupo Chibatão, Jhony Fidelis, com a vazante, os navios reduziram sua capacidade de carga entre 30% a 40%.
Os serviços portuários do grupo movimenta, em período comum, cerca de aproximadamente 15 mil contêineres por mês.
Com a seca de 2023, essa é a primeira vez que os navios não conseguem passar para abastecer o estado.
“Foi o primeiro ano que, realmente, ocorreu dos navios não conseguirem passar. Mas lembrando que esse é um fenômeno que ocorre há muitos anos aqui na região”, tenta tranquilizar.
O diretor-executivo ainda disse que, se a seca atual fosse como a do ano passado, o porto estaria movimentando 9 mil contêineres por mês.
“Se a vazante desse ano fosse igual a do ano passado, estaríamos recebendo aproximadamente 9 mil contêineres por mês. Mas foi o primeiro ano que realmente zerou, aí Manaus vai ficar praticamente um mês sem receber navio”, disse.
Ainda sobre a navegação no Amazonas, o empresário Luiz Gastaldi, sócio-fundador do Grupo Nova Era, relatou que há dez dias os navios estão retornando com cargas por não conseguirem atracar nos portos de Manaus.
Reunião da Fecomércio
O encontro reuniu representantes do Porto Chibatão, Aliança Navegação e Logística, Log-in Logística, Super Terminais, Transportes Bertolini e Frette Intermodal.
Além de diretores da entidade, também participaram presidentes de sindicatos patronais, empresários do amazonas e entidades de classe como a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) e a Associação Comercial do Amazonas (ACA).