Um mês antes do pico habitual da estiagem em setembro, os rios da Amazônia já registram níveis recordes de baixa para o mês de agosto.
Dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), vinculado ao Ministério da Defesa, revelam que o rio Solimões está três metros abaixo da média histórica para este período.
Situação semelhante é observada em afluentes como os rios Madeira e Acre, que apresentam cotas próximas aos mínimos já registrados.
Nova seca histórica?
Apesar do cenário preocupante, o analista do Censipam, Flávio Altieri, alerta que ainda é prematuro afirmar que a seca de 2024 será a mais severa já vista na Amazônia.
“As condições hidrológicas atuais estão piores que as de 2023, ano marcado pela pior seca na Amazônia na região. As previsões climáticas não indicam melhoria no regime de chuvas nos próximos meses, mas devido à vastidão e diversidade da região, não podemos assegurar que 2024 terá uma seca mais intensa”, explica Altieri.
O especialista destaca que a situação já configura um quadro de seca extrema, o quarto nível em uma escala de cinco estágios de severidade.
Nesse patamar, é comum ocorrer escassez generalizada de água, restrições e perdas significativas na agricultura.
“Em junho, durante o evento Pré-Seca, o Censipam já havia previsto que a Amazônia enfrentaria em 2024 uma seca semelhante à de 2023”, relembra o analista.
Mitigação
As comunidades tradicionais que dependem dos rios como principal meio de transporte são as mais afetadas pela redução dos níveis das águas.
“Essas populações enfrentam dificuldades agravadas pelo desabastecimento de alimentos e água potável, além de limitações no acesso a serviços essenciais como saúde e educação”, ressalta Altieri.
Em resposta à crise hídrica, uma reunião entre ministros e governadores da Amazônia Legal ocorreu nesta quarta-feira (21) no Palácio do Planalto para discutir medidas de mitigação dos impactos da estiagem no norte do país.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) anunciou, durante o encontro, a liberação de R$ 11,7 milhões para ações de defesa civil nos estados do Amazonas e Roraima.
Além disso, foi reconhecida a situação de emergência em 53 municípios distribuídos entre Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia.
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