O diretor de fiscalização ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Johnatan Santos, afirmou em entrevista que a seca provocada pela mudança climática tem contribuído para o aumento da caça e pesca ilegais de espécies ameaçadas na Amazônia.
“Em virtude da baixa da água, a visualização se torna mais fácil pelos criminosos que conseguem capturar os animais de forma rápida”, declarou Santos, em referência à recente apreensão de um peixe-boi-da-amazônia abatido, na última terça-feira (25), na orla do Rio Tefé, no estado do Amazonas.
Ademais, atualmente, a seca também impacta 42 territórios indígenas e escolas na Amazônia.
Apreensões e riscos à fauna
Durante a operação, o Ibama também apreendeu 422 kg de carne de pirarucu (Arapaima gigas). A carne estava sendo vendida na Feira Municipal de Tefé, sem comprovação de origem autorizada.
O diretor alertou que a crescente atividade predatória pode levar à extinção efetiva dessas espécies a médio e longo prazo.
“Se o peixe-boi for extinto, ocasionará um desequilíbrio enorme no ecossistema aquático. Uma vez que o peixe-boi tem [seu papel na] cadeia alimentar”, explicou.
Denúncias e ações do Ibama
Organizações não governamentais e a unidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na região fizeram denúncias de caça e pesca ilegais durante este período de seca extrema. A ação resultou em autuações que totalizam R$ 12 mil, conforme o órgão.
“O Ibama monitora os rios em conjunto com outros órgãos, monitorando a qualidade da água, a temperatura e recebendo informações da vazão desses rios. Além disso, é claro, realizando a fiscalização de ações que possam piorar a situação, não somente dos níveis da água, mas principalmente da fauna aquática e do garimpo ilegal que tem modificado o curso dos rios onde operam”, afirmou.
Métodos ilegais de caça e pesca
A fiscalização revelou que infratores utilizam redes de pesca malhadeira, arpões, martelos e armas de fogo na prática de caça e pesca ilegais. Posteriormente, a carne dos animais é cortada para ser comercializada em locais não autorizados.
“O Ibama tem realizado ações de fiscalização em ponto estratégicos onde a caça tem maior número e riscos ao equilíbrio de vida desse animais”, disse.
Por fim, o diretor ressaltou ainda a necessidade urgente de chuvas na Bacia do Amazonas para restaurar os níveis dos rios, que estão em mínimas históricas. “Esperamos que a partir de fim de outubro a chuva chegue e os rios possam voltar aos seus níveis normais”, concluiu.
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*Com informações da Agência Brasil