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Cemitério quilombola centenário pode virar sítio arqueológico no Tocantins

TO Cemitério quilombola centenário pode virar circo arqueológico

Lápides eram construídas pela própria comunidade com pedras de um morro na região conhecida como Bom Jardim, hoje, município de Lagoa do Tocantins - Foto: Manoel Junior/Governo do Tocantins

O Governo do Tocantins estuda transformar o cemitério conhecido como Campo Santo em sítio arqueológico.

O cemitério integra a Comunidade Quilombola Rio Preto, localizada no município de Lagoa do Tocantins.

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A região foi visitada pelo Governo do Estado e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mais pesquisas serão realizadas para verificar o enquadramento do local como sítio arqueológico.

A cantora e tocadora de lundu, Onorata Ferreira Lopes, 78 anos, nascida e criada na região, conta que as lápides do cemitério eram construídas pela própria comunidade a partir da lapidação de pedras de um morro próximo, mas atualmente não são mais fabricadas.

Onorata relembra que era uma tradição dos mais velhos, inclusive seu pai, avô e tios. Para ela, Campo Santo é um lugar de estima.

“É um lugar que tenho estima, porque lá estão sepultados meu pai, meu ioiô, minhas tias, meus tios. Quando é Dia de Finados vamos lá colocar velas. Os sepultados lá eram os mais velhos, os troncos velhos, todos daqui”.

Superintendente do Iphan no Tocantins, Cejane Pacini Leal Muniz, visita o cemitério Campo Santo, da Comunidade Quilombola Rio Preto. Foto Manoel Junior/Governo do Tocantins

Atualmente a comunidade quilombola protege o cemitério com seus próprios recursos e improvisou uma cerca para impedir o acesso de animais da fazenda vizinha, explica José Tomás Lopes da Silva, representante de mais uma geração de quilombolas.

“Aquele local é uma tradição, desde que meus bisavós foram enterrados lá, temos uma amizade por aquele lugar de tal forma que jamais deveríamos esquecer. É tanto que fizemos a cerca pra livrar de gado ficar pisando. Temos que preservar aquele lugar”.

Preservação dos povos tradicionais

A proteção desses locais é garantida pela lei federal n.º 3.924 de 1961, a qual estabelece que os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentes em território nacional e de todos os elementos que neles se encontram ficam sob a guarda e proteção do poder público.

Cejane Pacini Leal Muniz, superintendente do Iphan no Tocantins, explica que caso seja enquadrado como sítio arqueológico histórico, Campo Santo será uma área protegida por lei e deverá ser preservada.

“As atividades [no local e em seu entorno] não poderão impactar o sítio. Há necessidade, primeiramente, de realizar uma pesquisa”, esclarece Cejane.

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