Na madrugada desta quarta-feira (6), uma mulher foi brutalmente mutilada pelo ex-marido em Colmeia, região centro-norte do estado.

Numa tentativa de feminicício, o homem desferiu mordidas contra a face da mulher que veio a perder parte do nariz.

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A mulher, de 38 anos, relatou à Polícia Militar (PM) que precisou se esconder na casa da vizinha para fugir do agressor após uma briga extremamente violenta.

Ela esperou amanhecer para se deslocar até o hospital em segurança para tratar dos ferimentos e denunciar a agressão.

Segundo a PM, o homem, de 33 anos, a atacou com socos, derrubando-a no chão e em seguida mordeu o seu nariz, arrancando uma parte, furou seu olho direito com a unha e arrancou três pedaços do couro cabeludo também com os dentes. 

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que o suspeito acabou autuado por tentativa de feminicídio e que a 45° Delegacia de Polícia de Colmeia abriu um inquérito para investigar o crime.

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou que a paciente foi acolhida no Hospital Regional de Guaraí, recebeu cuidados da equipe multiprofissional e depois transferida para o Hospital Regional de Araguaína, onde vai passar por procedimentos.

Outra tentativa

Nesta mesma quarta-feira (6) outro caso de tentativa de feminicídio foi elucidado pela Polícia Civil (PC) em Lagoa do Tocantins, região central do estado. Um homem de 33 anos foi preso por suspeita de agressão à esposa.

Conforme relatório, o suspeito atacou sua então companheira com chutes, socos, a feriu na cabeça com uma machadinha e a ameaçou com uma espingarda, mas foi desarmado por populares.

Não satisfeito, o homem teria ido à casa onde morava com a família, pegou uma espingarda e foi até a casa do patrão da vítima, onde ela estava escondida. Mais uma vez ele foi desarmado e fugiu do local.

O caso aconteceu no dia 24 de novembro deste ano. A PC descobriu que as agressões começaram durante uma discussão do casal.

Os policiais conseguiram colher depoimento da vítima quanto ela estava internada no Hospital Geral de Palmas para onde foi encaminhada devido à gravidade dos ferimentos.

O agressor foi localizado e preso nesta quarta-feira. Em depoimento na delegacia de Novo Acordo,115km da capital, ele alegou que atacou a mulher porque acreditava ter sido traído por ela.

Ele foi levado para a Unidade Penal Regional de Palmas e está à disposição do Poder Judiciário.

“A prisão dele foi o único meio possível para que a vítima, que sofreu inúmeras agressões não só físicas, mas também psicológicas, não fosse mais uma vítima fatal no contexto de violência doméstica”, afirma a SSP.

Violência alarmante

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados em novembro apontaram que o número de feminicídios apresentou crescimento este ano. Foi registrado 2,6% a mais do que nos primeiros seis meses de 2022, num total de 722 assassinatos em 2023, nesse mesmo período.

Para a pós-doutora em Direitos Humanos, Artenira Silva e Silva, estamos vivendo uma pandemia de violência contra a mulher e é preciso treinar um olhar que vá além da  segurança pública e da Justiça.

Artenira considera a criação dos grupos reflexivos voltados para os agressores uma importante medida socioeducativa, já implantada no estado, na figura do Projeto Despertar, realizado pelo Ministério Público.

Conforme a coordenadora do projeto, Leida Tomé, a reincidência entre os homens que participam dos grupos de discussão cai para 7%. Índice bastante inferior ao constatado entre aqueles que não aderem a medida. De janeiro de 2021 a novembro de 2023 o programa já atendeu 207 homens enquadrados na Lei Maria da Penha.

A pesquisadora Artenira ressalta a necessidade de qualificação das equipes de atendimento, não só para as vítimas de violência ou agressores, mas para o atendimento dos filhos e filhas destas vítimas, “para que o ciclo de agressão não se perpetue”, reitera.

No Tocantins, foram registrados 12.033 casos de violência doméstica entre janeiro a 5 de dezembro deste ano.

Os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) também mostram que nesse mesmo período, em Palmas foram contabilizados 3.391 boletins de ocorrência relacionados a Lei Maria da Penha. Já em Araguaína foram 1.895 e Porto Nacional 668.

Nesse mesmo período o estado já contabiliza 21 feminicídios.

Conforme os dados, onze dos assassinatos tiveram como natureza criminal a condição feminina, outros 5 envolveram violência doméstica e dois com arma de fogo.

Houve mais um contra pessoa acima de 60 anos e outro na presença de descendente.

Quanto ao município do crime, Porto Nacional registra três vítimas, Araguaína, Colinas e Palmas duas, e, com uma vítima, Abreulândia, Gurupi, Lagoa do Tocantins, Palmeirópolis, Peixe, Ponte Alta do Tocantins, Praia Norte, Silvanópolis e Xambioá.

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