O ministro da educação, Camilo Santana, participou nesta terça-feira (2) de uma audiência na Comissão de educação do Senado para falar sobre o Novo Ensino Médio.

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Durante a audiência, ele pontuou que o maior problema no Novo Ensino Médio está na desigualdade que pode gerar entre os alunos.

 “O que o novo Ensino Médio fez, eram 800 horas, reduzia para 600 horas a base comum curricular e colocou 400 horas para os itinerários. Qual o grande problema? Teve estado que conseguiu implementar e ofertar uma quantidade de itinerários, teve estado que avançou menos. As escolas privadas têm uma capacidade maior de atender essa demanda. Há uma preocupação de desigualdade em relação aos nossos jovens, ” disse o ministro.

Santana acrescentou ainda que essa desigualdade pode prejudicar o aluno na hora de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

“Esse aluno passaria pelo novo Enem no ano que vem. Como eu posso pegar um aluno que não teve a mesma oportunidade dos itinerários de uma escola para um que teve todas as condições? Essa questão da desigualdade é um dos pontos que está sendo discutido”, acrescentou.

Além da questão da defasagem educacional entre os estados, Camilo Santana pontuou ainda algumas reclamações de especialistas em educação.

“Outra grande reclamação foi a formações de professores, a preparação de professores para esses itinerários, a infraestrutura”, afirmou.

SUSPENSÃO NOVO ENSINO MÉDIO

No dia 04 de abril deste ano, o Ministério da Educação (MEC) publicou uma portaria suspendendo o cronograma nacional de implementação do Novo Ensino Médio.  

Ficam suspensos os prazos relacionados a: 

  • implementação nos estabelecimentos de ensino que ofertam o ensino médio dos novos currículos, alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e aos itinerários formativos;
  • cronograma referente aos materiais e recursos didáticos para o Novo Ensino Médio, via Programa Nacional do Livro Didático (PNLD);
  • alinhamento das matrizes do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para a etapa;
  • e atualização da matriz de avaliação do Novo Enem. 

A suspensão do cronograma vai durar 60 dias, contados a partir do término da consulta pública promovida pelo MEC para a avaliação e a reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio. 

“O que está suspenso é a portaria do cronograma de implementação do Novo Ensino Médio, especificamente, o que está relacionado ao Enem. O que estamos suspendendo é qualquer avanço na implementação, até que essa comissão defina, avalie, ouvindo a todos, quais serão as modificações, mudanças ou correções que nós faremos no ensino médio”, afirmou Camilo Santana.

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COMO É O NOVO MODELO

A implementação do novo Ensino Médio foi aprovada pelo Congresso Nacional em 2017, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, e se tornou obrigatória em 20ª partir do ano passado.

A carga horária dos três últimos anos do período escolar foi dividida em duas partes: 60% da carga deveria ser comum a todos os alunos, enquanto 40% passaria a ser dedicada às disciplinas optativas, os chamados itinerários formativos.

São eles: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e formação profissional. 

Além disso, o número de horas anuais obrigatórias aumentaria de 800 para pelo menos mil horas, de quatro para cinco horas diárias.

Os estudantes, no entanto, reclamam de terem perdido tempo de aula de disciplinas tradicionais, de disciplinas desconectadas do currículo e de deficiências na oferta das optativas, impedindo que cursem os itinerários que desejam, especialmente na rede pública – ampliando a desigualdade com a rede privada.