Nesta segunda-feira, 23, o diplomata russo Boris Bondarev renunciou ao seu cargo de conselheiro na Organização das Nações Unidas (ONU). 

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A renúncia foi confirmada pela agência não governamental independente de direitos humanos UN Watch. 

Em comunicado compartilhado com diplomatas em Genebra, na Suíça, Bondarev disse:“Nunca tive tanta vergonha do meu país”.

Ele considerou que a guerra contra a Ucrânia não apenas um crime contra os ucranianos, mas também contra toda população de seu país.

Veja na íntegra as declarações de Boris Bondarev ao deixar a ONU

“Meu nome é Boris Bondarev, no MFA da Rússia desde 2002, e de 2019, até agora,conselheiro da Missão Russa no Escritório da ONU em Genebra.

Durante vinte anos de minha carreira diplomática vi diferentes reviravoltas em nossa política externa, mas nunca senti tanta vergonha de meu país.

A guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também um crime contra o povo da Rússia.

Aqueles que conceberam esta guerra querem apenas uma coisa: permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos e de mau gosto, navegar em iates comparáveis ​​em tonelagem e custo a toda a Marinha russa, desfrutando de poder ilimitado e total impunidade.

Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias. Milhares de russos e ucranianos já morreram só por isso.

Lamento admitir que ao longo de todos esses vinte anos o nível de mentiras e falta de profissionalismo no trabalho do Ministério das Relações Exteriores tem aumentado cada vez mais.

No entanto, nos últimos anos, isso se tornou simplesmente catastrófico. Em vez de informações imparciais, análises imparciais e previsões sóbrias, há clichês de propaganda no espírito dos jornais soviéticos da década de 1930. Foi construído um sistema que engana a si mesmo.

O ministro Lavrov é um bom exemplo da degradação desse sistema. Em 18 anos, ele passou de um intelectual profissional e educado, que muitos dos meus colegas tinham em tão alta estima, para uma pessoa que constantemente transmite declarações conflitantes e ameaça o mundo (ou seja, a Rússia também) com armas nucleares!

Hoje, o Ministério das Relações Exteriores não tem nada a ver com diplomacia. É tudo sobre belicismo, mentiras e ódio. Serve aos interesses de poucos, muito poucos, contribuindo assim para um maior isolamento e degradação do meu país.

A Rússia não tem mais aliados, e não há ninguém para culpar, a não ser sua política imprudente e mal concebida.

Estudei para ser diplomata e sou diplomata há vinte anos. O ministério se tornou minha casa e minha família. Mas eu simplesmente não posso mais compartilhar essa ignomínia sangrenta, tola e absolutamente desnecessária.”

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