A Polícia Federal (PF) afirmou ter encontrado indícios de pagamentos de propina e participação de agentes políticos durante investigação da Operação Dente de Marfim, em Manaus.

A revelação foi feita nesta quinta-feira (22), durante coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal, na capital.

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Questionado sobre nomes de agentes políticos dentro das análises, o chefe da Delegacia de Repreensão à Corrupção e Crimes Financeiros da Polícia Federal, João Marcelo, alegou não poder citar os nomes dos representantes envolvidos.

Em contrapartida, citou algumas ilegalidades identificadas pela investigação.

“Nós identificamos, a partir das diligências que foram realizadas ao longo desses anos, troca de favores, nomeação de parentes da empresa na secretaria municipal, além de ter indícios de pagamento de vantagem indevida ao gestor da secretaria”, declarou.

O delegado informou que a PF está apurando a forma como foram realizadas as ilegalidades, mas que já existem provas siginificativas que comprovam o crime.

Também foram apuradas ligações, por meio das notas fiscais, entre a empresa e a gestão pública do município.

“Dentro da investigação, nós conseguimos confirmar alguns relacionamentos, por exemplo, envolvendo a gestão anterior. A investigação conseguiu coletar um documento que confirma que uma das notas fiscais era direcionada a um coordenador de campanha de um partido político da gestão passada. Isso está bem evidenciado na documentação que foi coletada até o momento”, afirmou o delegado.

A investigação, de acordo com João Marcelo, irá continuar e apresentar evidências sobre o destino dos valores encaminhados, mas que é necessário documentar de forma válida.

Até o momento, não ocorreram prisões, mas foram emitidos 16 mandados de busca e apreensão, ação com início na manhã desta quinta-feira (22).

Operação Dente de Marfim

As investigações iniciaram há três anos, quando foram detectados indícios de que empresoa que atua no ramo de limpeza pública comercializou com empresas de fechadas.

Essas empresas emitiram notas fiscais suspeitas de serem frias, entre os anos de 2016 e 2021, no valor de R$ 48 milhões, com sonegação fiscal estimada em mais de R$ 21 milhões em tributos federais.

Somadas, as penas dos crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção podem ultrapassar 30 anos.

O nome “Dente de Marfim” é uma alusão à empresa investigada, que tem o nome de um mamífero da mesma família dos elefantes e que foi extinto há mais de 10 mil anos.

O que diz a Prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Manaus afirma apoiar, de forma irrestrita, as investigações conduzidas pela Polícia Federal.

O órgão ainda declara que os fatos investigados são relacionados a uma empresa cujo contrato foi firmado pela gestão anterior, porém desfeito pela atual administração.

Por último, a gestão pública diz prezar “pela total transparência, e prestará todas as informações necessárias para a apuração”.

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