Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) desenvolveram um instrumento capaz de rastrear e acompanhar o nível de dependência de idosos ribeirinhos em relação a Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD), como tomar banho, se vestir, se alimentar ou mesmo andar dentro de casa.

A ferramenta integra um estudo desenvolvido em Coari, a 363 quilômetros de Manaus, e conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). 

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Segundo o coordenador do estudo, o professor da Ufam, Luan Cesar Ferreira Simões, a avaliação de ABVD vai auxiliar profissionais de saúde a identificar e intervir de forma precoce junto a idosos que apresentam algum grau de dependência, impactando no planejamento de estratégias de prevenção e promoção à saúde. 

O professor, que é doutorando em Ciências pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), acrescenta que a iniciativa contribui para manter ou melhorar a autonomia e a independência dessa população. 

“Esse é o primeiro instrumento que será capaz de avaliar o nível de dependência desses idosos utilizando-se de termos que são comuns ao seu contexto social e cultural, o que facilitará o devido acompanhamento da saúde desses idosos pelas equipes e gestores de saúde”, disse o pesquisador.

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A pesquisa desenvolveu um questionário, elaborado a partir de uma revisão da literatura científica e de visitas a algumas comunidades ribeirinhas, com a realização de grupos focais, além de entrevistas com idosos e cuidadores. Atualmente, nove itens fazem parte da avaliação da ABVD. 

A motivação para a pesquisa foi a falta de instrumentos de medida que fossem sensíveis o suficiente para determinar o impacto do envelhecimento na autonomia e na independência dos idosos de comunidades ribeirinhas da região amazônica.

“Essa lacuna dificultava a implantação de ações de saúde mais eficazes com o objetivo de reduzir a incapacidade, fragilidade, violência e institucionalização desses idosos”, apontou o coordenador. 

Foto: Luan Cesar Ferreira Simões/Acervo pessoal

Parceria

A pesquisa conta com a parceria da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), por meio de um convênio para realização de doutorado interinstitucional.

A partir da criação do instrumento válido e específico para a população idosa ribeirinha, será possível aprimorar as políticas e estratégias de saúde voltadas para essa população.

Etapas

Na primeira fase do estudo, a equipe visitou comunidades segmentadas, de acordo com a sua relação com o rio (várzea, terra firme e flutuantes), para realização do grupo focal e entrevista com idosos e cuidadores. 

Na segunda fase, esse novo instrumento passa por etapas de validação, sendo submetido à avaliação de especialistas, profissionais de saúde e dos próprios idosos ribeirinhos.

De acordo com o grupo de pesquisa, somente após esse processo, o instrumento estará pronto de fato para ser utilizado por profissionais que atuam na saúde de idosos em comunidades ribeirinhas do estado.