O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal (PF) analise as declarações dadas por participantes de um evento em defesa do acesso civil às armas de fogo.

“Determinei à Polícia Federal que faça análise dos discursos proferidos neste domingo, em ato armamentista, realizado em Brasília.

Objetivo é identificar indícios de eventuais crimes, notadamente incitações ou apologias a atos criminosos”, disse Dino, através das redes sociais.

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O discurso, que o ministro se refere, foi feito pelo deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL/SP), durante o 4º Encontro Nacional do ProArmas pela Liberdade, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

O evento ocorreu neste domingo (9) e defendeu a flexibilização do porte e da posse de armas.

Com o microfone em mãos, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro comparou o que classificou como “professores doutrinadores” à traficantes de drogas.

“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez o professor doutrinador seja pior”, disse o deputado federal, em um momento registrado em vídeos divulgados nas redes sociais.

Eduardo Bolsonaro também criticou a atuação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

“Os caras aqui do Ministério da Justiça não querem dar o acesso à legítima defesa, mas isso não pode ser impeditivo para fazermos o certo. E o certo começa pela nossa família”, destacou o deputado.

“Se tivermos, por exemplo, uma geração de pais que prestem atenção na educação dos filhos, tirem um tempo para ver o que eles estão aprendendo nas escolas, não vai ter espaço para professores doutrinadores tentarem sequestrar nossas crianças”, disse, criticando os que apontam problemas estruturais como o machismo e o racismo por, segundo ele, “verem opressão em todo o tipo de relação” familiar.

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As declarações de Eduardo Bolsonaro causaram a indignação de internautas que recorreram às mídias sociais para pedir que o parlamentar seja punido por sua manifestação.

Até o início da tarde desta segunda-feira (10), o assunto aparecia entre os mais comentados no Twitter.

Além disso, esta manhã, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) anunciou que vai entrar com uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra Eduardo Bolsonaro.

“Esse insulto a todos os professores brasileiros não pode ficar impune”, escreveu Boulos.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro, mas até a publicação desta reportagem não obteve retorno.

O espaço segue aberto para posicionamento.

Veja vídeo: