Nesta sexta-feira (12), Marcelo da Silva Vieira, chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro (PL), é alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro no caso das joias sauditas.

A Polícia Federal tentava apreender o celular dele. 

Em depoimento à PF no mês passado, Vieira afirmou que Bolsonaro participou de um telefonema sobre um ofício feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, para tentar resgatar as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

A PF pediu a apreensão do celular e a Justiça de Guarulhos negou, mas, em recurso, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) autorizou e expediu o mandado.

Vieira era chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH).

Sua função era revisar o que poderia ser aceito como presente para o acervo privado presidencial ou não. 

Ele estava no órgão desde 2017, quando Michel Temer (MDB) era presidente – e foi exonerado do cargo em janeiro de 2023, assim como outros funcionários do governo, quando Lula (PT) assumiu a presidência.

Conversas pelo WhatsApp

Em depoimento, Vieira contou que, em dezembro de 2022, Cid pediu para ele assinar um ofício que seria enviado à Receita para solicitar a incorporação dos bens apreendidos pela Presidência.

As conversas foram feitas por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp, e não por vias oficiais.

Mauro Cid enviou ofício para o chefe de gabinete de documentação em 27 de dezembro, às vésperas de Bolsonaro deixar o governo e ir para os Estados Unidos, e em meio à operação do gabinete de Bolsonaro e da chefia da Receita Federal para recuperar as jóias.

Na ocasião, Vieira, disse em depoimento, que se negou a fazer o documento e disse que logo após Mauro Cid entrou em contato por ligação, colocou no viva voz e pediu que ele explicasse ao presidente da República essa situação e por que não poderia assinar.

Vieira afirma que após dar explicações técnicas sobre a impossibilidade, Bolsonaro disse “Ok, obrigado”.

RELACIONADAS

+ Áudios revelam chefe da Receita pressionando por liberação de joias a Bolsonaro

+ Bolsonaro depõe sobre joias sauditas na condição de investigado em Brasília

+ Operação Lesa Pátria: PF deflagra 11ª fase e bloqueia R$ 40 milhões

+ Bolsonaro devolve 3º kit de joias sauditas a um dia de depor à PF

Depoimento à PF

Vieira afirmou que, em outubro de 2021, recebeu um contato do Ministério das Minas e Energia informando que o ex-titular Bento Albuquerque havia recebido um presente de autoridade estrangeira para ser entregue ao presidente da República.

Albuquerque liderou a comitiva do governo brasileiro que foi à Arábia Saudita em 2021 e voltou com presentes de autoridades locais.

Parte deles, o conjunto de joias de R$ 16 milhões foi retido pelos funcionários da Alfândega do Aeroporto de Guarulhos.

Mas um outro pacote, contendo entre outras coisas um relógio da marca de luxo Chopard, entrou sem ser percebido.

Vieira disse que voltou a ser procurado pelo Ministério das Minas e Energia sobre o assunto mais de um ano depois, em novembro de 2022, no final do mandato de Bolsonaro. 

De acordo com ele, o objetivo desse contato, segundo o ex-funcionário, era organizar a entrega de itens ao presidente.

A entrega foi feita no Palácio do Alvorada, pois Bolsonaro já não estava indo mais ao Palácio do Planalto.