Policiais penais de Roraima denunciam situação de perseguição, humilhação, assédios e abuso por parte dos gestores da Secretaria de Justiça e Cidadania (SEJUC).

Joana D’Arc, presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Roraima, foi a porta-voz das denúncias da categoria que, segundo ela, está adoecendo psicologicamente devido ao tratamento dos atuais gestores com os policiais. 

“No último mês aflorou dentro de todas as unidades do Centro de Progressão Penitenciário (CPP) mais de 15 atestados psiquiátricos em menos de um mês. Não é possível que todos os policiais de Roraima estejam errados e somente a gestão da SEJUC esteja certa”.

Afirmou a presidente do Sindicato, Joana D’Arc

Joana fala sobre os vídeos que circulam nas redes sociais que indicam uma suposta negligência por parte dos policiais penais dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). Confira a matéria.

“Nós entendemos que trata-se de uma cortina de fumaça. Vídeos divulgados pela atual gestão da SEJUC para tentar encobrir nossas denúncias a respeito dos desmandos e do assédio moral acontecido dentro da Secretaria. Assim, não se trata de negligência, mas apenas de protocolos normais e cotidianos dentro da unidade prisional”, disse Joana.

Sindicato dos policiais penais diz que querem jogar opinião pública contra eles

Ela afirma ainda que só quem tem acesso a esses vídeos é a Sejuc e que a própria gestão divulgou essas imagens.

“Não há o que negar, a própria gestão soltou de forma criminosa para tentar colocar a opinião pública contra os policiais penais”.

No mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março, as policiais penais de Roraima denunciam assédio moral, perseguição velada e humilhações constantes dentro do ambiente de trabalho. 

Mulheres da polícia penal relatam perseguição por parte dos gestores

Policial Penal de Roraima Adriana de Paula
Policial Penal de Roraima Adriana de Paula- Foto: Arquivo pessoal

Adriana de Paula, policial penal há 11 anos, foi a primeira mulher a assumir a diretoria da Pamc. Atualmente está lotada no CPP. Ela relata que esta é a primeira vez, em todos esses anos, que está vivendo esse tipo de situação.

“O diretor que ali está, João Batista Filho, ele tem constrangido e humilhado, especialmente as mulheres daquela unidade, com o objetivo de reduzi-las e constrangê-las”, afirmou a policial

Além disso, ela contou sobre um caso de assédio moral que ocorreu com ela durante seu expediente dentro do ambiente de trabalho.

“Eu vivi recentemente um episódio no meu plantão em que ele se direcionou a mim, com o intuito de me constranger, de me envergonhar, alegando que eu era extremamente especializada, extremamente cursada, tinha diverso conhecimento, no entanto estava ali, em que lugar que eu estava era constrangedor, que era humilhante, que eu deveria estar em outra posição”.

Adriana sai em defesa de todas as policias penais que não têm coragem de denunciar os casos de assédio que acontecem dentro da SEJUC.

“Eu estou aqui não apenas em meu nome, não porque eu me senti constrangida e humilhada por esse homem, mas eu estou aqui em nome de todas as mulheres da polícia penal, em nome de todos os meus companheiros. Nós estamos vivendo situações degradantes e humilhantes, mas em nenhum momento alguém teve coragem de dar a cara a tapa”.

Resposta da SEJUC sobre denúncia dos policiais penais

O Portal Norte entrou em contato com a SEJUC, por meio do Governo de Roraima, para pedir uma posição. Veja a nota abaixo:

A Secretaria da Justiça e da Cidadania informa que chegou ao conhecimento da Corregedoria Geral da Sejuc, por meio de representação de servidoras, denúncias de possível assédio moral que estariam ocorrendo no âmbito da direção da unidade prisional Centro de Progressão Penitenciária.

Na oportunidade as servidoras formalizaram a denúncia, a qual está sendo apurada conforme os trâmites legais vigentes no tocante a ocorrências envolvendo o contexto de possível assédio moral.

Ressalta que a Corregedoria Geral da Sejuc é o setor da instituição que tem como objetivo o exercício das atividades relacionadas à prevenção e apuração de irregularidades funcionais praticadas por servidores públicos que exercem suas funções no âmbito do sistema penitenciário do Estado.

A Secretaria enfatiza que o setor correcional da Sejuc é composto por policiais devidamente capacitados e aptos a atuarem com independência e imparcialidade ante às apurações.

A Corregedoria atua ainda em total conformidade com os preceitos legais da seara disciplinar, havendo inclusive controle externo de análise dos processos disciplinares pela Procuradoria do Estado.