O presidenciável Javier Milei, um dos favoritos para vencer a eleição presidencial na Argentina é um crítico contumaz do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Amigo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Milei já se referiu ao petista como “ladrão”, “comunista furioso” e “ex-presidiário”.

As primeiras críticas são de 2021, quando se fortaleceram os rumores de que Lula seria candidato à Presidência.

O episódio mais recente envolvendo os dois foi no começo de outubro.

Com o aval do governo brasileiro, a Argentina conseguiu um empréstimo bilionário junto ao Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), mesmo sem ter crédito.

Isso beneficia o candidato governista, Sergio Massa, principal adversário de Milei.

O candidato libertário acusou Lula de atuar contra a sua candidatura e o chamou de “comunista furioso”.

“A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e agindo diretamente contra minha pessoa e meu espaço. A liberdade avança. Viva a liberdade c…”, escreveu Milei nas redes sociais.

A possibilidade de vitória de Milei assombra o Planalto, porque pode ter impactos muito significativos nas relações comerciais do Brasil com a Argentina.

Além disso, pode ameaçar o projeto que o governo Lula tem de ampliar a influência do País na América Latina.

Somado a essa possibilidade, há o fato de, no último dia 16, o Equador ter eleito Daniel Noboa, outro político mais alinhado à direita.

Chineses, Lula e Putin no mesmo barco

Duas semanas antes do episódio do empréstimo, Milei concedeu uma entrevista para o jornalista estadunidense Tucker Carlson.

O presidenciável disse que, se ganhar as eleições, não fará negócios com o Brasil ou com qualquer país que ele considerar “comunista”, colocando o presidente brasileiro na mesma categoria da China e da Rússia.

“Não só não farei negócios com a China, como não farei negócios com nenhum comunista. Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. Os comunistas não se enquadram nisso, nem os chineses, nem Putin, nem Lula”, falou Milei na entrevista, prometendo o corte das relações comerciais.

Lula, por sua vez, já disse que pretende manter as relações com o País vizinho, indiferente a quem vença as eleições.

“Quando tiver uma eleição, o Brasil, enquanto Estado, vai negociar com o Estado argentino, independentemente de quem seja o presidente”, afirmou Lula.

O presidente brasileiro é próximo do atual mandatário argentino, Alberto Fernandéz, adversário político de Milei.

‘Presidiário comunista’ e campanha por Bolsonaro

Durante as últimas eleições brasileiras, Milei fez campanha a favor de Jair Bolsonaro e apareceu diversas vezes ao lado de Eduardo, o “03” do ex-presidente.

Em encontro no dia 15 de outubro de 2022, antes do segundo turno das eleições brasileiras, Milei gravou um vídeo para suas redes sociais com um recado aos brasileiros:

“Não se deixem levar pelo presidiário comunista Lula. Votem em Jair Bolsonaro”.

O apoio é uma via de mão dupla: o ex-presidente Jair Bolsonaro também gravou mensagens de apoio a Milei nas últimas semanas.

No feriado de Independência do Brasil em 2022, Milei publicou nas suas redes sociais um vídeo da avenida Paulista, em São Paulo, repleta de manifestantes vestidos de verde e amarelo.

O trecho mostra uma pessoa sobre um carro de som elogiando o argentino.

“Todo o meu apoio ao presidente Jair Bolsonaro para as próximas eleições contra o ex-presidiário Lula. Não deixemos que os comunistas avancem no sonho de uma União Soviética Latino-Americana”, escreveu o libertário na legenda da publicação.

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‘Político ladrão’ e ‘socialista de bons modos’

Milei já chamou Lula de “político ladrão” também.

Ele disse que o presidente brasileiro faz parte de um grupo de “políticos ladrões”, que é um “socialista de bons modos” e que trabalha para o Foro de São Paulo.

“Esse é o modelo que os políticos ladrões querem. Tanto os kirchneristas com o seu socialismo de maus modos quanto os ‘Juntos pelo Cargo’ (trocadilho com o grupo político Juntos por el Cambio, liderado por Macri e ao qual pertence a outra candidata das eleições argentinas, Patricia Bullrich. Nessa frase, ‘cargo’ foi usado no sentido de ‘imposto’) com o seu socialismo de bons modos e seu amor pelo modelo de Lula, operador do Foro de São Paulo, a União Soviética da América Latina”, disse Milei.

Caso Milei chegue à Casa Rosada, não se envolverá em campanhas para impulsionar a extrema-direita na região porque terá graves problemas domésticos para resolver, como hiperinflação, violência, pobreza e desemprego.