Uma acareação entre Anderson Torres e o ex-superintendente da Polícia Federal da Bahia, Leandro Almada, deve ser realizada a pedido da relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos dia 8 de janeiro, Eliziane Gama (PSD-MA).

A iniciativa partiu durante depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, nesta terça-feira (8).

O pedido se dá porque ambos participaram de uma reunião com o diretor-geral da PF, à época Marcio Nunes, cinco dias antes do segundo turno da corrida eleitoral de outubro de 2022.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

Anderson Torres disse à comissão que, na verdade, o encontro se tratava de uma visita para vistoriar obras, já o ex-delegado da PF informou em depoimento que o assunto era outro:

“O Almada coloca de forma clara e diz que não foi apenas uma visita a órgãos em construção da Polícia Federal. Eu estou protocolando uma acareação entre os dois para que a gente possa dirimir esses fatos e trazer ao conhecimento da comissão sobre o que realmente ocorreu”, disse a relatora.

“Minuta do golpe”

Parlamentares questionaram Anderson Torres sobre a responsabilidade do ex-ministro sobre os ataques aos Três Poderes no 8 de janeiro.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) disse que a CPMI precisa apurar a omissão e a conivência de pessoas e instituições, ao citar “a escolta” da Polícia Militar aos manifestantes na Esplanada no dia 8 de janeiro.

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que a intolerância no Brasil começa a se fortalecer já na campanha de 2018.

“A intenção de produzir uma ação contra o Estado Democrático de Direito não foi uma ação do dia 8 [de janeiro]. Esse mesmo inquerido [Anderson Torres] é informado que haveria uma ação violenta contra as instituições e faz ouvidos de mercador e tenta se esquivar da responsabilidade institucional que tem um secretário de garantir a segurança do patrimônio público e das pessoas no DF,” disse Carvalho.

Parlamentares defendem Torres

Em sua palavra, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) argumentou que não teria sido razoável esperar uma reação mais contundente e proativa por parte do Ministério da Justiça, dado que no dia 7, no sábado, já havia a confirmação de que havia invasão de prédios públicos.

“É lógico que a Polícia Militar poderia ter colocado toda a tropa de prontidão para que, naquele momento, pudesse imediatamente vir tomar conta aqui da Esplanada. Mas a Polícia Militar acabou colocando em alerta, e, muitas vezes, no domingo, as pessoas não estavam… estavam fora de casa, ou até chegarem em casa, estavam almoçando, no clube, ou alguma coisa nesse sentido. Mas não tira a obrigação da utilização, como foi utilizado aqui, posteriormente, da Força Nacional” disse o Senador.

RELACIONADAS

+ Anderson Torres depõe à CPMI dos Atos antidemocráticos do dia 8 jan

+ Moraes autoriza Flávio Dino a entregar vídeos à CPMI do 8 de janeiro

+ Delgatti, hacker da “Vaza Jato”, é convocado pela CPMI do 8/1

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), defendeu Torres e disse que ele é “um ministro que sabe conduzir uma operação integrada e sabe fazer um plano de operação integrada, como, de fato, esse plano está sendo apresentado aqui”.

O deputado federal Delegado Ramagem (PL-RJ) informou que decretos do DF estruturam a segurança pública e estabelecem que a responsabilidade do secretário de Segurança é por integração, planejamento e coordenação, além de vedar que a segurança pública adentre a autonomia das forças de segurança das polícias.

“Em nenhum momento falam em emprego e execução operacional pela Secretaria de Segurança”, disse Ramagem.