A Hutukara Associação Yanomami (Hay) divulgou nesta segunda-feira, 11, o relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”.

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O documento traz um panorama do avanço da destruição garimpeira na terra indígena.

De acordo com dados do relatório, em 2021, o garimpo ilegal avançou 46% em comparação com 2020. De 2016 a 2020, o garimpo na TIY cresceu 3.350%.

Ainda de acordo com o levantamento, o número de comunidades afetadas diretamente pelo garimpo ilegal soma 273, abrangendo mais de 16.000 pessoas, ou seja, 56% da população total. Existem mais de 350 comunidades indígenas na Terra Indígena, com uma população de aproximadamente 29 mil pessoas.

O documento cita que a área impactada pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami mais que dobrou, atingindo em dezembro de 2021 o total de 3.272 hectares.

O relatório relata 6 motivos para o aumento do garimpo ilegal na região:

1- O aumento do preço do ouro no mercado internacional;

2- Falta de transparência na cadeia produtiva do ouro e falhas regulatórias que permitem fraudes na declaração de origem do metal extraído ilegalmente;

3- Fragilização das políticas ambientais e de proteção a direitos dos povos indígenas e, consequentemente, da fiscalização regular e coordenada da atividade ilícita em Terras Indígenas;

4- Agravamento da crise econômica e do desemprego no país, produzindo uma massa de mão de obra barata a ser explorada em condições de alta precariedade e periculosidade;

5- Inovações técnicas e organizacionais que permitem as estruturas do garimpo ilegal se comunicar e se locomoverem com muito mais agilidade

6- A política do atual governo de incentivo e apoio à atividade apesar do seu caráter ilegal, produzindo assim a expectativa de regularização da prática.

O outro problema levantado pelo relatório é a violência sofrida por mulheres e crianças por parte dos garimpeiros.

Segundo o documento, garimpeiros exigem sexo com meninas e mulheres indígenas como moeda de troca por comida na Terra Yanomami.

“Após os Yanomami solicitarem comida, os garimpeiros rebatem sempre. (…) ‘Vocês não peçam nossa comida à toa! É evidente que você não trouxe sua filha! Somente depois de deitar com tua filha eu irei te dar comida!’”, diz trecho do relatório.

Na região do Rio Apiaú, os moradores relataram à Hutukara que um garimpeiro que explora a região ofereceu drogas e bebidas aos indígenas e, quando todos já estavam bêbados, estuprou uma das crianças da comunidade.

O relatório finaliza com uma série de recomendação ao Poder Público. 

“O assédio ao território e ao povo Yanomami pode ser controlado a partir de um conjunto de ações para assegurar seus direitos, mas que exigem vontade política para garantir uma atuação eficiente e coordenada do Estado e a articulação entre os órgãos e agentes responsáveis”.

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