O Portal Norte fez uma retrospectiva uma semana após os atos antidemocráticos ocorridos em Brasília, onde criminosos invadiram e depredaram o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

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Ao todo, 1.398 pessoas seguem presas em penitenciárias do Distrito Federal. Além disso, a Polícia Federal continua as investigações para punir os vândalos envolvidos nos atos.

Para entender o passo a passo de toda a operação para identificar os criminosos, confira abaixo mais informações sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, as decisões do STF, as ações do governo federal e as prisões decretadas.

Retrospectiva atos antidemocráticos

07/01 – A organização dos atos antidemocráticos foi iniciada no primeiro sábado do ano, dia 7 de janeiro, após a chegada de diversos ônibus na capital federal.

Os criminosos se dirigiram para o acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em frente ao Quartel-General do Exército.

Anteriormente, em 24 de dezembro, golpistas colocaram uma bomba em um caminhão tanque, próximo ao Aeroporto de Brasília.

08/01 – No dia 8 de janeiro, às 14h, os criminosos percorreram 8 km até a Praça dos Três Poderes, escoltados pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Os vândalos invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Na ocasião, destruíram obras de arte, móveis, quebraram espelhos, vidros e janelas, depredaram computadores e roubaram armas.

Além da destruição, cerca de 10 jornalistas foram agredidos ou tiveram seu material roubado pelos criminosos.

Ao todo, 209 pessoas foram presas em flagrante pela PMDF e Polícia Civil do Distrito Federal após invadirem os prédios públicos da Praça dos Três Poderes.

Ações do governo

No mesmo dia dos atos antidemocráticos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assinou o decreto que declarou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.

O presidente disse, durante o pronunciamento, que o ataque às sedes dos Três Poderes é sem precedentes na história do Brasil.

O interventor federal, nomeado pelo presidente Lula, é Ricardo Cappelli.

09/01 – Na manhã do primeiro dia após os atos antidemocráticos, a Polícia Militar do Distrito Federal e o Exército realizaram operação para dissolver o acampamento bolsonarista em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

O local, repleto de barracas, por volta das 9h, contou com soldados do Exército entrando no acampamento e revistando as barracas.

Os soldados portavam armas e bastões e as pessoas que ainda estavam no local foram retiradas.

Cerca de 35 ônibus, com capacidade para 40 pessoas cada, deixaram o local e levaram os apoiadores do ex-presidente para uma triagem na Academia Nacional da Polícia Federal.

A triagem foi feita para identificar as pessoas envolvidas com os atos antidemocráticos de domingo. Ao todo, 1.843 pessoas foram conduzidas pela PMDF para a Academia Nacional de Polícia.

No mesmo dia, o requerimento da senadora Soraya Thronicke (União-MS) para instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos já contava com 31 assinaturas, mais do que o número mínimo para instaurar a CPI.

A reparação nos prédios públicos da Praça dos Três Poderes foi iniciada um dia após os atos antidemocráticos.

10/01 – A primeira-dama, Janja Lula da Silva, agradeceu o trabalho da equipe de manutenção e limpeza do Palácio do Planalto na segunda-feira (9).

“Brasileiras e brasileiros dignos de serem chamados patriotas!”, disse em suas redes sociais.

Janja da Silva também postou um vídeo com os depoimentos de algumas trabalhadoras. Uma servidora da limpeza disse que em seus 20 anos de trabalho, nunca tinha visto nada como o que ocorreu no último domingo.

O interventor federal, nomeado pelo presidente Lula, Ricardo Cappelli, exonerou o superintendente da Polícia Federal (PF) no Distrito Federal, Victor Cesar Carvalho dos Santos.

A exoneração de Santos foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de terça (10).

Além da exoneração do superintendente da PF, o interventor federal também trocou o comando da PMDF. Deixou o cargo de comandante-geral da corporação o coronel Fábio Augusto e assumiu o coronel Klepter Rosa.

No mesmo dia, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou a prisão do ex-comandante da PMDF, o coronel Fabio Augusto Vieira.

O coronel Vieira era quem coordenava as ações de segurança desenvolvidas pelos agentes da PM no último domingo (8), data dos atos antidemocráticos.

11/01 – Depois de 57 horas de trabalho ininterrupto que mobilizou cerca de 550 policiais federais, a maior operação de polícia judiciária da história da PF, a Polícia Federal qualificou, interrogou e prendeu 1.159 pessoas do acampamento no QG.

Os presos foram entregues para a Polícia Civil do Distrito Federal, responsável pelo encaminhamento ao Instituto Médico Legal e, posteriormente, ao sistema prisional.

Para mostrar que os trabalhos do novo governo não foram interrompidos pelo vandalismo do dia 8 de janeiro, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, manteve agenda e afirmou que busca diversidade no pensamento econômico.

Neste dia estava marcada uma manifestação bolsonarista em frente ao Congresso Nacional. A Esplanada dos Ministérios contou com o bloqueio da circulação de carros.

O acesso foi permitido somente para pedestres. Além disso, segundo o interventor federal Ricardo Cappelli, todo o efetivo policial foi mobilizado e houve bloqueios, barreiras e revistas. No entanto, apenas três pessoas apareceram para o protesto.

12/01 – A Advocacia-Geral da União (AGU) determinou o bloqueio de R$ $ 6.539.100 milhões de empresas e pessoas financiadoras dos atos criminosos em Brasília. São 52 pessoas e sete empresas identificadas no total.

Na quinta (12), os vidros, que envolvem o prédio do STF, estavam sendo limpos e reparados. Além disso, o policiamento continuou intenso na região, veículos e agentes da Força Nacional estão no local para garantir a segurança.

No mesmo dia, a PF encontrou uma minuta de decreto para instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para mudar o resultado das eleições.

O documento foi encontrado na casa do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, após os atos antidemocráticos.

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Prisões

13/01 – Cinco dias após os atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes, 1.398 pessoas foram encarceradas em presídios do Distrito Federal.

O efetivo de policiais penais para garantir a realização de todas as prisões foi de 821 agentes.

Cerca de 904 homens foram para o Centro de Detenção Provisória II, ou Complexo Penitenciário da Papuda, e 494 mulheres foram para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.

A réplica da Constituição Federal de 1988 foi devolvida ao STF no mesmo dia, às 14h30.

O livro foi levado por vândalos e depredado durante as invasões e depredações aos prédios públicos, no último domingo (8).

A réplica do documento ficava em exposição no Salão Branco da Suprema Corte.

A presidente do STF, a ministra Rosa Weber, recebeu das mãos do ministro da Justiça, Flávio Dino, o documento.

Dino declarou que iria pedir a extradição do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

O ex-gestor deveria se apresentar à Justiça brasileira até esta segunda-feira (16). Torres estava nos Estados Unidos.

14/01 – No entanto, não foi preciso, Anderson Torres voltou ao Brasil e está preso no batalhão da Polícia Militar no Guará, região administrativa do DF, desde o último sábado (14).

O ex-secretário de Segurança Pública, que foi ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro, é investigado por conivência em atos criminosos ocorridos em Brasília.

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou abertura de novo inquérito para investigar o governador do DF afastado por 90 dias, Ibaneis Rocha, e o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres.

A investigação tem como objetivo entender as condutas do governador e dos comandantes da segurança pública no DF no dia dos atos antidemocráticos.