O velório da cantora Rita Lee acontece nesta quarta-feira (10) no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo.
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O local foi escolhido pela própria cantora e compositora, que morreu na noite de segunda-feira (8), em casa, em São Paulo, após lutar contra um câncer de pulmão desde 2021.
Rita nasceu e viveu em São Paulo, quase sempre no bairro da Vila Mariana, e sempre frequentou o Parque do Ibirapuera – ainda com seus pais.
Ela chamava o local de “floresta encantada”.
O corpo da cantora chegou ao Planetário por volta das 5h – Brasília – desta quarta-feira chuvosa e alguns fãs já esperavam na fila para se despedir de Rita Lee.
Muitas coroas de flores também já são vistas no local.
O público tem acesso pela porta principal do Planetário, pelo centro, onde está o corpo de Rita Lee que sairá pelos fundos.
O velório de Rita Lee é das 10h às 17h – horário de Brasília.
Depois, haverá uma cerimônia de cremação restrita à família.
Proximidade de Rita Lee com Planetário
No livro “Rita Lee – uma autobiografia”, publicado em 2016, o capítulo “Mutatis Mutandis” conta que a rainha do Rock ia toda semana ao planetário.
Era seu “must semanal”, que contava sempre com uma banana-split numa lanchonete vizinha, após a visita.
Na obra, a cantora também imaginou, ao fim, como seriam os minutos após sua morte.
E, ao longo das nove linhas que escreveu sobre este momento, ela aproveitou para advertir os políticos.
“Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los”, escreveu.
A área em que atualmente fica o Parque Ibirapuera foi descrita pela cantora como sendo a “Floresta Encantada”, o lugar ideal para montar um pequeno acampamento e realizar piqueniques aos domingos.
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Segundo a biografia, as visitas ao local eram realizadas em um grupo composto por seis mulheres.
Cada uma escolhia uma árvore ou planta para cuidar, retirando folhas secas e ervas daninha.
Elas também plantavam pés de frutas, verduras e legumes nas redondezas do parque.
Ao relembrar a inauguração do parque, em comemoração aos 400 anos da capital paulista, Rita menciona que “o sonho acabou”.
Suas pequenas hortas foram destruídas, e a floresta deu lugar ao asfalto, cimento e “construções de gosto duvidoso”.
O pai da cantora teria desaprovado a intervenção no espaço e se recusado a comparecer à festa de inauguração.
Ainda assim, o Ibirapuera seguiu como um local marcante na vida de Rita, sendo mencionado diversas vezes aos longo dos capítulos do livro.
Vida e carreira de Rita Lee
Rita Lee Jones de Carvalho nasceu no dia 31 de dezembro de 1947, em São Paulo.
Rita Lee foi cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista brasileira.
Ela era vegana e defensora dos direitos dos animais.
A “Rainha do rock brasileiro”, como era conhecida, alcançou a marca de 55 milhões de discos vendidos ao longo de uma carreira iniciada ainda nos anos 1960.
Tudo teve início com o rock mas a artista flertou com diversos gêneros, como a psicodelia na era do tropicalismo, o pop rock, disco, new wave, a MPB, bossa nova e eletrônica.
Influente, Rita Lee era ex-integrante do grupo Os Mutantes (de 1966 a 1972) e do Tutti Frutti (de 1973 a 1978).
Muitas das canções também têm reivindicação da independência feminina.
Entre os clássicos eternizados na voz da paulista estão sucessos como:
- Ovelha Negra;
- Mania de Você;
- Lança Perfume;
- Agora Só Falta Você;
- Baila Comigo;
- Banho de Espuma;
- Desculpe o Auê;
- Erva Venenosa;
- Amor e Sexo;
- Reza;
- Menino Bonito;
- Flagra;
- Doce Vampiro, dentre outras.
O álbum “Fruto Proibido”, de 1975 e lançado com a banda Tutti Frutti, é visto como um marco na história do rock brasileiro, considerado por alguns como obra-prima do gênero.
Em 1976, a cantora iniciou o seu relacionamento com o guitarrista Roberto de Carvalho, com quem fez parceria no amor e no trabalho.
Um bom número de sucessos de Rita é fruto de composições com Roberto.
Ele tiveram três filhos, entre eles Beto Lee, também guitarrista, que acompanhava os pais nos shows.
Com uma carreira incontestável e que alcançou os 60 anos, a artista fez parte do gueto musical dos anos 1960 e 1970 e das baladas românticas de sucesso nos anos 1980.
Ela seguiu compondo e gravando vários hits nos anos seguintes.
Não foram poucas as apresentações com outras estrelas da cena musical e com estilos distintos como Elis Regina, João Gilberto e banda Titãs.
Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone elaborou a lista dos cem maiores artistas da música brasileira. Nela, Rita Lee ocupa o 15° lugar.