Após um grupo de pesquisadores realizarem pinturas em gravuras rupestres reveladas pela seca no Amazonas, no Sítio das Lajes, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) alertou que intervenções no local precisam de autorização.

Segundo o instituto, a fiscalização para evitar danos às gravuras será acionado.

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Na terça-feira (24), aniversário de 354 anos de Manaus, o historiador Otoni Mesquita e a professora Gisella Braga compartilharam uma visita ao lugar que revelou gravuras milenares, possível ver devido à descida dos rios.

Na visita, é possível ver que os desenhos foram pintados. Segundo Mesquita, foi usado argila natural no procedimento.

Em nota publicada pelo Iphan, a instituição destaca que “todos os bens arqueológicos pertencem à União”.

“Para realização de pesquisas de campo e escavações, é preciso o envio prévio de projeto arqueológico ao Iphan, que avaliará e, só então, editará portaria de autorização”, enfatizou.

O Iphan salienta que “qualquer pesquisa interventiva realizada sem autorização é ilegal e passível de punição”.

Entenda o caso

Em nota, o historiador diz que o interesse pelo material arqueológico “vem de muitos anos”. Ele afirma que a curiosidade não “somente pela questão histórica, mas pelo valor cultural para todos nós da região”.

Mesquista conta que foi “munidos de materiais para coletar a maior quantidade de registros”.

“Procurei recursos técnicos para realizar o registro. Ciente de que se tratava de um procedimento que não causaria risco ou dano, nem se constituiria uma agressão ao bem artístico e cultural, eu tinha, portanto, a pretensão de ressaltar os atributos da obra primitiva”, declarou.

Conforme explicou, o produto usado foi o “caulim”, uma argila natural branca. O pesquisador diz que o insumo “não contém qualquer substância industrial”.

“O caulim foi depositado no interior das incisões do desenho e logo depois foi imediatamente retirado com a água do próprio Rio Nego”, explicou.

Otoni ainda afirma que a publicação que compartilhou as ações de pintura foi feita “sem sua anuência e sem as devidas informações técnicas”. Por fim, ele pediu desculpas.

As fotos da visita estão no perfil da professora Gisella, que escreveu na legenda:

Visitei o sítio arqueológico das Lajes, à margem do rio Negro, defronte para o Encontro das Águas e visualizei pela primeira vez na minha vida, resquícios de manifestações artísticas, dos povos que aqui viveram. Durante muito tempo ministrei aulas sobre arte rupestre em sala de aula, sem a oportunidade de vivenciar in loco.

As gravuras foram desenhadas em formato de rostos humanos e durante a cheia, ficam submersas nas paredes rochosas do sítio arqueológico e geológico das Lajes.

Obrigada de coração aos meus amigos @otoni_mesquita , @tucumadocris , na.dasilva e ao meu esposo @jecivanbraga . Que embarcaram de primeira nessa aventuras.
EM NOVEMBRO LEVAREI VOCÊS COMIGO ?

Gravuras rupestres; registro de Gisella Braga – Foto: Reprodução/ Instagram @gisellavieirabraga

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