O período de seca que atinge a região Norte do país já afeta a navegação do rio Amazonas e pode reduzir a capacidade de transporte por ele em 40% em duas semanas e até 50%.

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A estimativa é da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), que monitora a vazão em três diferentes pontos.

Eles identificaram uma queda diária de até 35 centímetros, enquanto a média para este período é de 25.

A cobrança do setor é por ações emergenciais, que, segundo o governo, estão sendo estudadas.

A seca é sazonal, sendo observada todos os anos. Neste, porém, teria chegado mais cedo do que o esperado.

Desde agosto, a Marinha do Brasil decidiu restringir a navegação em rios no Amazonas.

O cenário atingiu três pontos: a passagem do Tabocal, a 339 km de Manaus e as enseadas do Rio Madeira Enseada e do Rio Purus com o Rio Solimões.

O medo do setor de navegação é que o próximo afetado será o próprio Rio Amazonas, principal hidrovia da região.

Abastecimento da região

No pior cenário, em função da segurança, não será possível a navegação pelo rio Amazonas.

Ocorre que os navios que navegam por ele são os que permitem o escoamento da produção e mantêm o abastecimento da região.

São insumos básicos para toda a população e para a indústria local.

No ano passado, a redução de capacidade de transporte foi, em média, de 40%, contra os 50% estimados para este ano.

Os produtos que sofrem mais impacto são os mais pesados, como alimentos (arroz, congelados e resfriados), cimento, metais, cerâmica, porcelanato e fertilizantes.

“Manaus é uma ilha, não tendo produção de itens como alface e arroz. Nós é que levamos os insumos para lá, o ferro, a areia, o cimento. E também tiramos a produção feita lá. E como não estamos conseguindo navegar com o volume de carga normal, já prevemos para duas semanas uma redução de 45% da nossa capacidade de transporte”, afirma o diretor-executivo da Abac, Luis Fernando Resano.

A crise atinge a população, podendo refletir em aumento direto do preço dos produtos, pela escassez e por aumento no frete.

É impactada, ainda, a Zona Franca de Manaus, que não consegue escoar seus produtos.

Dependendo da duração da crise, pode causar desabastecimento no mercado no Sul e Sudeste, em especial no “Black Friday”.

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Setor cobra medidas

Resano diz que, apesar de o problema da estiagem ter sua maior parte fora do controle humano, há iniciativas que podem ser usadas como mitigatórias.

Para este momento, afirma ser necessária uma dragagem emergencial na enseada do Rio Madeira no trecho em que alcança o Amazonas.

“Aquela área está assoreada, com acúmulo de areia. Precisaria de dragagem para abrir canal para que navios possam navegar próximo da capacidade”, diz.

Em contato coma pasta dos Transportes e de Portos e Aeroportos, o órgão diz que o responsável pela segurança da navegação é a Marinha do Brasil, mas que acompanha a situação.

“O Ministério de Portos e Aeroportos, juntamente com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), acompanha a situação e está preparado para fazer a intervenção necessária nos trechos possivelmente indicados”, afirma a nota.