“Show de misoginia”. Assim classificou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) a respeito da condenação de advogada que participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19.

Bruna Mendes dos Santos Morato foi condenada pelo juiz Gustavo Coube de Carvalho, da 5ª Vara Cível do Foro Central.

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Ela deve pagar R$ 300 mil por danos morais à rede de saúde Prevent Senior, acrescidos de juros de mora.

Bruna ainda terá que arcar com as custas e despesas processuais e honorários advocatícios, fixados em 13% do valor atualizado da condenação.

A decisão cabe recurso.

“A acusação é um show de misoginia e falta de provas e o juiz nem considerou que o MPF acolheu as provas dela”, afirmou Calheiros, relator da CPI, em rede social.

Fala foi endossada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“Indignação é a palavra! Não podemos deixar esse absurdo passar em branco. Não vamos nos calar, em respeito às famílias das pessoas que morreram, e à Bruna Morato”.

Humberto Costa (PT), senador por Pernambuco, disse que Bruna Morato foi fundamental na CPI da Covid.

“Confiamos que instâncias superiores farão justiça a mulher que ajudou o Brasil a desvendar os porões de um morticínio que estava em curso durante a pandemia”, disse.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) e entidades, como a Associação de Vítimas da Covid-19 (Avico), também manifestaram repúdio à condenação.

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Prevent Senior e a condenação de advogada

O processo judicial movido pela empresa é especificamente sobre danos morais em entrevista realizada por Bruna Morato à emissora TVT, em 21 de abril do ano passado. 

Conforme a Prevent “a advogada fez sérias e infundadas acusações sobre a conduta de diretores da empresa e médicos”.

CPI da Covid-19

Em 28 de setembro de 2021, a advogada, representante de médicos da Prevent Senior, foi recebida pela CPI para prestar esclarecimentos sobre trabalho realizado na rede privada de saúde.

À Comissão, Bruna falou durante 8 horas e revelou o esquema usado pela Prevent Senior para liberar leitos durante a pandemia.

Após declarar possível esquema de uso de medicação sem eficácia comprovada para tratamentos de pessoas com coronavírus, Bruna Morato recebeu apoio dos senadores e segurança via Polícia Federal na época.

Em sua fala à CPI, Bruna disse que:

  • Existia desvio de finalidade, com recomendação de adoção de tratamento paliativo pela Prevent Senior para pacientes que não estavam em estado terminal;
  • Pressão para médicos aplicarem em pacientes medicamentos de eficácia não comprovada contra a Covid-19;
  • Omissão de Covid-19 em laudo de óbito da morte da mãe do empresário Luciano Hang.

Entretanto, 17 meses depois, a advogada foi condenada a pagar indenização à Prevent Senior por danos morais.

O Portal Norte tentou contato telefônico com senadores para saber sobre possíveis ações a serem tomadas a favor de Bruna Morato, mas não teve retorno.