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Série de reportagem: fazendeiros e indígenas disputam terras em Roraima

Fazendeiros e indígenas de Roraima exigem terras - Foto: Arquivo

Fazendeiros e indígenas de Roraima exigem terras - Foto: Arquivo

O programa “Tá na Hora Roraima” exibirá, a partir desta segunda-feira (3), uma série de reportagem em três episódios sobre o debate que envolve fazendeiros e a demarcação de uma nova terra indígena no estado. A disputa envolve produtores rurais e comunidades indígenas, ambos lutando pela posse da terra.

A preocupação dos fazendeiros

O primeiro episódio apresenta a história de José, um fazendeiro de 18 anos na região do Boqueirão, em Alto Alegre, a 150 quilômetros da sede do município. José, que sustenta sua família com o trabalho na propriedade, está prestes a conseguir o título definitivo da terra. Ele expressa preocupação com a possibilidade de perder parte de seu terreno devido à demarcação.

A Fazenda Diamantina, uma das mais antigas de Alto Alegre, é outra área em risco. Moradores da região, que criam gado há mais de um século, temem perder suas terras caso a demarcação seja aprovada. A propriedade abrange mais de 4 mil hectares, e os fazendeiros temem pelo futuro de seus investimentos e sustento.

Outro fazendeiro, Cleverson, tem milhares de hectares de soja plantados próximos ao município de Alto Alegre. A demarcação pode afetar diretamente suas plantações. Valdir, um paranaense que vive em Roraima há mais de oito anos, cultiva milho e soja em uma área de mais de 800 hectares. Ele veio para a região após a notícia de que Roraima se tornara uma nova rota para a soja no país.

O impacto econômico

Toda essa área pode ser demarcada como território indígena, gerando novos conflitos. Em 2005 e 2006, a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol já havia causado grandes debates no estado. Agora, a Funai iniciou estudos para a delimitação de uma nova área. Os indígenas Macuxi e Wapichana reivindicam 27,9 mil hectares, equivalentes a 28 mil campos de futebol, abrangendo plantações e áreas de criação de gado, o que pode impactar significativamente a economia local.

Em 2021, Roraima apresentou um dos maiores crescimentos de PIB entre os estados brasileiros, alcançando R$ 18,2 bilhões. A economia do estado cresceu 8,4% em termos reais, impulsionada pelo aumento da produção mineral, expansão do agronegócio e desenvolvimento do turismo. Apesar de ser o estado com o menor PIB do Brasil, Roraima tem um ritmo de crescimento promissor.

As exportações de Roraima são fortemente direcionadas à Venezuela, principal parceiro comercial do estado. Nos últimos cinco anos, o estado exportou US$ 937 milhões para o país vizinho. A China e a Turquia são outros importantes compradores.

No próximo episódio da série, será abordada a perspectiva da Fundação Nacional dos Povos Indígenas sobre a demarcação, bem como as opiniões do estado e da classe política sobre o impacto dessa nova área indígena em Roraima, que já possui mais de 46% de seu território destinado a terras indígenas.

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