A comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro começou a ouvir nesta quinta-feira (14) o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-comandante do Comando Militar do Planalto.

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Dutra era chefe do Comando Militar do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro e responsável pelo Quartel General do Exército em Brasília durante os acampamentos montados por bolsonaristas após as eleições de 2022.

À comissão, o militar afirmou que o Exército usou uma estratégia “indireta” para desmobilizar o grupo, e que ela foi “adequada”, desmontando os acampamentos em 24 horas após a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o militar, a decisão só foi cumprida no dia 9 de janeiro, devido ao risco de realizar a operação no período da noite. O general disse que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), citou os riscos.

“Em nenhum momento houve obstrução ao cumprimento da ordem judicial do STF para desmobilização do acampamento em frente ao QG do Exército ou em qualquer outra unidade do Exército Brasileiro”, afirmou.

O grupo, que era chefiado por Dutra, estava responsável por cuidar do Setor Militar em Brasília, onde ficava o acampamento bolsonarista.

A atuação do Exército foi criticada devido à demora em desmobilizar o grupo, já que parte dos vândalos que invadiram as sedes dos três poderes, no dia 8 de janeiro, estava abrigada no acampamento.

Também foi para lá que muitos criminosos retornaram depois dos ataques. Na data, o Exército fez um cordão de isolamento que impediu que a Polícia Militar chegasse ao local.

Os parlamentares que requisitaram o depoimento do general Dutra afirmam que querem solucionar dúvidas sobre a ação do governo federal no dia 8 de janeiro.

Dos oito requerimentos que embasam a oitiva, seis vieram da oposição. O senador Eduardo Girão (Novo-CE), autor de um deles, aponta que o Comando Militar do Planalto não foi incluído na estratégia de segurança para a data, apesar de ter oferecido suas tropas.

A afirmação foi feita pelo general Dutra à Polícia Federal.

Já o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) e a deputada Duda Salabert (PDT-MG) afirmam que o Exército agiu seguidamente para impedir o desmonte do acampamento de Brasília, inclusive no próprio dia 8, à noite.

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Depoimento Anterior

Dutra prestou depoimento em maio à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que investiga os acontecimentos de 8 de janeiro.

Na ocasião, ele disse à CPI que não era atribuição do Comando Militar do Planalto interferir no acampamento porque a instalação não atrapalhava “o dia a dia do quartel”.

Além disso, ele também afirmou que o Exército não recebeu ordem judicial antes do dia 8 para desmontar o acampamento.